Sinopse
Waël (Kheiron), um antigo menino da rua, vive nos
subúrbios parisienses, subsistindo através
de pequenas vigarices que comete com a ajuda de Monique (Catherine
Deneuve), uma mulher reformada que
depende muito dele. Um dia, a vida de Waël sofre grande reviravolta, quando um
amigo de Monique lhe oferece, por insistência dela, um trabalho no seu centro
de crianças excluídas do sistema escolar. Pouco a pouco, Waël fica responsável
por um grupo de seis adolescentes expulsos devido à falta de assiduidade,
insolência e porte de armas. Do encontro explosivo com estas “ervas daninhas” vai
florescer um verdadeiro milagre.
Opinião
por Artur Neves
Kheiron é um ator, escritor
e realizador que nos apresentou em 2015 “Ou Todos ou Nenhum” sobre a fuga de uma
família iraniana após o Irão se ter transformado num estado religioso após a
tomada do poder pelos ayatollahs, que
teve a virtude de transformar um problema emergente e preocupante, o
endurecimento da política Iraniana, numa história ligeira embora séria, com
laivos de comédia, que abordava com sobriedade os novos problemas da sociedade
iraniana.
Neste segundo filme de 2018 a
expectativa era justificada, considerando que se tratava do problema da
marginalidade juvenil num contexto de desacompanhamento familiar, justificado
pela incerteza dos tempos que vivemos em que os objectivos a atingir, ou não
existem, ou são de muito curto prazo, ou pura e simplesmente não se projectam no
futuro de forma a constituírem uma forma de vida possível.
A história começa com a apresentação
de um expediente levado a cabo por Waël (Kheiron) com a ajuda de Monique
(Catherine Deneuve) para obterem o seu sustento, mas que são apanhados por um
antigo amigo desta, quando o tentavam enganar; Victor (André Dussollier) que os
convida para o seu projecto de recuperação de menores, no qual Waël a muito
custo adere, embora posteriormente se venha a revelar uma boa solução e um bom
trabalho.
Só que o desenvolvimento da acção
é pouco credível, os rapazes e raparigas ao seu cuidado não são tão maus assim,
nem tão pouco estão tão abandonados que necessitem da sua intervenção,
exctuando um deles que por ser imigrado não fala a língua e gera maiores dificuldades
de comunicação. Todavia, os protegidos são rostos sem história, nada se sabe
acerca deles, exceto de uma das raparigas que por “artes mágicas” é irmã da
rapariga, advogada de profissão, por quem Waël se enamora, embora com pouca
expressão.
Depois, Catherine Deneuve,
apresenta-se como uma sombra de si mesma, muito distante de Séverine Serizy de “Belle
de Jour” (1967) de Luis Bunuel, representando uma reformada, convidada por
Victor para secretária da organização e que posteriormente acaba “juntando os
trapinhos” com ele mas sem qualquer relação com o objecto principal da história
que se desenvolve penosamente. Para animar, ainda temos a denúncia e a
armadilha de Waël a um malandreco que explorava um dos moços à sua guarda, mas
resulta tudo muito chocho, muito simplista, algo piegas, que desvanece todas as
expectativas iniciais. Não convence.
Classificação: 4 numa escala
de 10
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