21 de janeiro de 2019

Opinião – “Serenidade” de Steven Knight


Sinopse

Da mente criativa do realizador e argumentista nomeado para um Óscar Steven Knight, chega SERENIDADE, um thriller ousadamente original, sexy e estilizado.
Baker Dill (Matthew McConaughey) é o capitão de um barco de pesca que passeia grupos de turistas pelo tranquilo enclave tropical conhecido como Plymouth Island. A vida tranquila que leva é despedaçada no momento em que a sua ex-mulher Karen (Anne Hathaway) o encontra e faz um apelo desesperado por ajuda. Karen suplica para que Dill a salve, bem como ao filho de ambos, das garras do seu novo e muito violento marido (Jason Clarke), levando-o numa excursão de pesca apenas para o atirar aos tubarões e deixa-lo à morte. O reaparecimento de Karen força Dill a regressar a uma vida que tinha tentado esquecer e, enquanto se debate sobre o certo e o errado, a mergulhar numa nova realidade onde nem tudo é o que aparenta.

Opinião por Artur Neves

Da leitura desta sinopse poderíamos inferir tratar-se de um thriller passional mais ou menos comum na cinematografia norte americana e de facto assim é, no aspeto do desenrolar da história e dos eventos que nos são apresentados na tela, todavia a história apresenta um twist conceptual que baralha o tempo, o lugar e o autor em que os eventos se verificam transferindo este filme para o domínio do fantástico.
Tudo o que vemos, acontece noutra dimensão e noutra realidade que lentamente nos vai sendo apresentada, embora de modo tão incipiente que ao princípio não nos damos conta nem consideramos como relevante a informação que nos é prestada. A dúvida começa a surgir, quando na realidade que vemos, alguns factos soam a estranho e, por outro lado, essa realidade apresenta-se tão pacata, tão certinha, tão naïf, que no nosso espírito começa a surgir a dúvida sobre o que estamos realmente a ver.
Steven Knight, realizador Inglês e autor do argumento já nos surpreendeu noutras boas realizações no passado, tais como; “Estranhos de Passagem” em 2002 ou esse portentoso filme “Locke”, em 2013, (totalmente passado ao volante duma viagem de automóvel que lançou definitivamente a carreira de Tom Hardy), com histórias aparentemente simples, apresentadas como que voltadas para um espelho onde a sua imagem refletida não corresponde á que vemos no “original”, que assim, se torna uma verdadeira ficção dentro do real.
Matthew McConaughey, Anne Hathaway e Diane Lane estão bem nas personagens que desempenham, principalmente o primeiro, que no desvario da sua obsessão e na truculência do seu relacionamento com os outros, nos mostra um homem perturbado e simultaneamente frágil pelo fracasso da sua vida. As senhoras estão igualmente bem, representando a primeira a tentação e a segunda, o “descanso do guerreiro” e a paz a que ele não pode aceder.
Não será um filme extraordinário, mas com uma realização segura, um argumento insinuante de interpretação indireta e um desempenho de atores muito agradável, corporiza 106 minutos de interesse e bom espetáculo, pela novidade introduzida numa história velha como o tempo.

Classificação: 6 numa escala de 10

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