Sinopse
Da mente criativa do realizador e argumentista nomeado
para um Óscar Steven Knight, chega SERENIDADE, um thriller ousadamente
original, sexy e estilizado.
Baker Dill (Matthew McConaughey) é o capitão de um
barco de pesca que passeia grupos de turistas pelo tranquilo enclave tropical
conhecido como Plymouth Island. A vida tranquila que leva é despedaçada no
momento em que a sua ex-mulher Karen (Anne Hathaway) o encontra e faz um apelo
desesperado por ajuda. Karen suplica para que Dill a salve, bem como ao filho
de ambos, das garras do seu novo e muito violento marido (Jason Clarke),
levando-o numa excursão de pesca apenas para o atirar aos tubarões e deixa-lo à
morte. O reaparecimento de Karen força Dill a regressar a uma vida que tinha
tentado esquecer e, enquanto se debate sobre o certo e o errado, a mergulhar
numa nova realidade onde nem tudo é o que aparenta.
Opinião
por Artur Neves
Da leitura desta sinopse poderíamos
inferir tratar-se de um thriller passional
mais ou menos comum na cinematografia norte americana e de facto assim é, no
aspeto do desenrolar da história e dos eventos que nos são apresentados na tela,
todavia a história apresenta um twist
conceptual que baralha o tempo, o lugar e o autor em que os eventos se verificam
transferindo este filme para o domínio do fantástico.
Tudo o que vemos, acontece
noutra dimensão e noutra realidade que lentamente nos vai sendo apresentada,
embora de modo tão incipiente que ao princípio não nos damos conta nem
consideramos como relevante a informação que nos é prestada. A dúvida começa a
surgir, quando na realidade que vemos, alguns factos soam a estranho e, por
outro lado, essa realidade apresenta-se tão pacata, tão certinha, tão naïf, que no nosso espírito começa a
surgir a dúvida sobre o que estamos realmente a ver.
Steven Knight, realizador
Inglês e autor do argumento já nos surpreendeu noutras boas realizações no
passado, tais como; “Estranhos de Passagem” em 2002 ou esse portentoso filme “Locke”,
em 2013, (totalmente passado ao volante duma viagem de automóvel que lançou
definitivamente a carreira de Tom Hardy), com histórias aparentemente simples,
apresentadas como que voltadas para um espelho onde a sua imagem refletida não
corresponde á que vemos no “original”, que assim, se torna uma verdadeira
ficção dentro do real.
Matthew McConaughey, Anne
Hathaway e Diane Lane estão bem nas personagens que desempenham, principalmente
o primeiro, que no desvario da sua obsessão e na truculência do seu
relacionamento com os outros, nos mostra um homem perturbado e simultaneamente
frágil pelo fracasso da sua vida. As senhoras estão igualmente bem,
representando a primeira a tentação e a segunda, o “descanso do guerreiro” e a paz
a que ele não pode aceder.
Não será um filme
extraordinário, mas com uma realização segura, um argumento insinuante de
interpretação indireta e um desempenho de atores muito agradável, corporiza 106
minutos de interesse e bom espetáculo, pela novidade introduzida numa história
velha como o tempo.
Classificação: 6 numa escala
de 10
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