Sinopse
Ainda adolescente, a jovem Celeste transforma-se numa
estrela pop de sucesso com a ajuda da sua irmã (Stacy Martin) e de um produtor
talentoso (Jude Law). Contudo, é na sequência de uma tragédia nacional que Celeste
se torna num novo tipo de celebridade: um ídolo americano, uma divindade
secular e uma superestrela global.
Passados 18 anos, Celeste (Natalie Portman) prepara o
regresso à ribalta depois de um escândalo ter descarrilado a sua carreira.
Durante a digressão de promoção do seu sexto álbum, VOX LUX, a inimitável e
irreverente estrela pop terá de superar problemas pessoais e familiares,
navegar as águas incertas da maternidade, da loucura e da fama.
Com canções compostas pela cantora e compositora australiana
Sia, VOX LUX é realizado por Brady Corbet, que foca em Celeste o fenómeno da
criação de símbolos, do culto da celebridade e da máquina dos media por detrás
deles, ao mesmo tempo que examina a natureza da celebridade e das forças que
nos moldam enquanto indivíduos, nações e deuses.
Opinião
por Artur Neves
Vox Lux aparenta ser uma
história de quem está de costas voltadas para a música pop, que a detesta, que só
lhe encontra defeitos bem como a todos os seus principais intervenientes, mas
eu penso que há mais mundo para lá do que se possa interpretar a priori do conteúdo desta história. De alguma
maneira este filme reporta as transformações mais significativamente sentidas
no novo milénio, (não é por acaso que o filme começa em 1999) usando para isso
a metáfora de um meio mais sujeito a mudanças arbitrárias, a gostos e tendências
avulsas que o caracterizam mas que também o podem desqualificar quando mostrado
na sua vertente mais degradante.
O mundo mudou com a viragem
do milénio. Fenómeno semelhante terá acontecido no início dos “anos loucos de 1900”
e o que Brady Corbet nos trás é uma fábula visual, dura, mas recheada de
excelentes interpretações dum dos meios de comunicação mais largamente
difundidos e apreciados em diferentes vertentes como é a musica pop.
A história é narrada de
forma sóbria pela voz grave e colocada de Willem Defoe que nos faz atentar para
as suas motivações que nunca podem significar qualquer grau de ceticismo formal,
considerando que se apresentam músicas e temas sólidos ao estilo de Sia, que é também
responsável pela composição de alguns temas além de participar na produção. Toda
a história é-nos apresentada provocando a sedução e o reconhecimento valorativo
dos produtos pop, embora nos mostre as suas grandezas e misérias, sem qualquer
pudor, como aliás é intrínseco em todas as realizações humanas.
Natalie Portman, que só veremos
a partir de metade do filme, está fabulosa no seu desempenho de Celeste quando
adulta, mostrando a evolução da Celeste que conhecemos menina mas
exteriorizando a mesma fragilidade e insegurança embora mascarada com os
aditivos e o álcool que lhe permitem suportar a pressão da vida corrente e a
tensão da vida passada da qual nunca se libertou. O colar de tecido escondendo
o pescoço todo o tempo é disso evidência e memória.
Jude Law é o manager que ninguém quer ter mas de que
precisa naquele meio em que a antecipação, a previsão e a planificação, mas
também o companheirismo são fundamentais e determinantes para a diferença entre
uma carreira de sucesso e as outras. A história completa-se com o apoteótico e espetáculo
final, com um toque apocalítico, que nos mostra todo poder do showbiz e a
simbiose deste com o público que idolatra os seus ídolos. Muito interessante.
Classificação: 7 numa escala
de 10
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