Sinopse
Lisboa, 1933. Deolinda, uma jovem da província que tem
o sonho de ser artista no Parque Mayer, apresenta-se num casting para coristas
para a nova revista no teatro Maria Vitória. Durante os ensaios, apaixona-se
por Mário, o encenador, mas este está fascinado por Eduardo, a estrela da
revista que, por sua vez, tenta seduzir Deolinda… Ao mesmo tempo o Estado Novo
começa a apertar o cerco e a liberdade está cada vez mais limitada… Uma
homenagem divertida e emocionante ao teatro de revista e a todos os que no
Parque Mayer lutaram pela Liberdade.
Opinião
por Artur Neves
Pode dizer-se que se trata
de um filme de época!… Recente, obviamente e bem próxima de muitos dos leitores
desta crónica. Tem como virtude o revivalismo de um estilo de representação que
fez escola em Portugal; o teatro de revista que com todas as virtudes e
defeitos que lhes atribuem, constitui um meio de diversão popular, generalizadamente
bem aceite e que serviu durante muitos anos como arauto e divulgador de uma
certa crítica social e política impossível de outra maneira e fortemente
punível pela polícia política de então. Por muito que não se aprecie o género,
deve-se a este teatro uma forma de resistência que constituiu durante muitos
anos o único meio de denúncia da ditadura em Portugal, á custa do risco e da
segurança dos próprios intervenientes.
António-Pedro Vasconcelos, o
decano dos realizadores portugueses atuais presta assim homenagem a um género
de espectáculo que para além do “glamour”
inerente ao espectáculo em si mesmo, suporta-se de uma intriga amorosa
triptica, através da paixão da corista pelo encenador que por sua vez se
apaixona pelo ator principal, conferindo assim um refrescamento nos “segredos”
da época, pois a homossexualidade latente não é exclusivo dos tempos modernos e
sim ancestral como a própria humanidade.
Os ambientes estão bem
recriados, assim como os personagens representados no filme, para quem como eu
os conheceu no seu tempo e os reconhece agora numa atmosfera credível e
autentica do meio artístico do género.
Com atores novos e outros pertencentes
ao meio, estão lá todos tipificados, os atores de revista, os que servem a
história do filme e os figurões que apimentam a história tal como no tempo em
que o Parque Mayer era um polo incontornável de diversão e convívio, sem
esquecer o “tirinho ao prato” para ganhar um boneco sem valor real. Para muitos
será um filme revivalista, para outros a apresentação de uma memória que os
enriquecerá com a informação fornecida. Diverte, está bem feito, recomendo.
Classificação: 7 numa escala
de 10
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