Sinopse
Viveu no nosso imaginário pelo poder do seu império de
Media, a sua ascensão meteórica e a capacidade de sobreviver a reveses
políticos e a processos judiciais. Encarnou, durante vinte anos e após a queda
do comunismo, o laboratório da Europa e o triunfo absoluto do modelo liberal.
Entre o declínio e a intimidade impossível, Silvio
Berlusconi simboliza uma era que se questiona, desesperada pelo seu vazio.
Opinião
por Artur Neves
A história que este filme
nos trás é a figura, a vida de Silvio Berlusconi durante o tempo em que este
ocupou o poder em Itália como membro da direita tradicional representada pelo
partido Forza Italia onde foi líder incontestado,
tendo ocupado o cargo de Primeiro-ministro por três vezes, até à dissolução do
mesmo, para a criação do Polo della
Libertá que o levou de novo ao poder como Presidente do Conselho de
Ministros em coligação com a Liga do
Norte também de extrema-direita.
Todavia, Silvio Berlusconi
ficará na história pelos negócios de sucesso, embora com fumos de corrupção por
ligações á Máfia e fundamentalmente pela sua conduta truculenta, recheada de escândalos
sexuais em que as festas Bunga-Bunga foram o expoente máximo da sua carreira
política. É precisamente neste aspeto que o filme incide, no tráfico de
mulheres bonitas forçadas a tronarem-se acompanhantes de luxo para toda uma
corte em torno de Silvio, mostrando-nos um mundo decadente, manipulado por um
oportunista provinciano de Taranto, que se desloca para Roma, em busca da oportunidade
de chegar perto de Silvio (Lore no original) à custa da satisfação das suas
necessidades.
Só que, Paolo Sorrentino,
realizador e argumentista Italiano nascido em 1970, digno representante de uma
certa forma Feliniana de contar histórias apresenta-nos estes factos, contando
os factos em si mesmo, com uma sequência remota da verificação dos eventos. Isto
mesmo é descrito logo nas primeiras imagens do filme em que o realizador
adverte que o filme é como que uma “biografia livre” de Silvio Berlusconi, pelo
que é conveniente ter conhecimento prévio de quem foi realmente este homem para
se enquadrar os factos na história que nos é apresentada.
Paolo Sorrentino é um
realizador com um pendor de execução barroco nas cenas dos seus filmes,
procurando através de pormenores e de cenários luxuosos transmitir-nos a
realidade para lá da justificação da sua ocorrência. Aliás, qualquer
justificação não cabe neste filme sendo toda a história constituída por cenas
que ilustram comportamentos, pensamentos e filosofias que seguem um ténue fio
condutor que só sublinham os factos que nos são mostrados. Dos seus filmes
anteriores destaco “A Grande Beleza” de 2013 que lhe valeu o Óscar para o
melhor filme estrangeiro em 2014, onde tal como neste filme, nos mostra o seu
grande amor por Roma, enaltecendo locais onde para ele deve ser um prazer
estar.
Temos portanto aqui um filme
exuberante de beleza, de grande miséria, de vício, sobre um político do nosso
tempo que primou pelo exagero em muitas facetas da vida e da fortuna. Um homem
que se considerava quase um Deus, um César, e que por esse facto concluía ter
cumprido o seu destino e que todos deveriam venerá-lo por todas as suas
realizações que tinham sido feitas em proveito deles. Gostei!...
Classificação: 7,5 numa
escala de 10
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