Sinopse
Nos confins do espaço, muito além do nosso sistema
solar, Monte (Robert Pattinson) e Willow, a sua filha pequena, vivem juntos a
bordo de uma nave espacial, em isolamento total.
Monte, um homem solitário cuja severa autodisciplina é
uma proteção contra o desejo – o seu e o de outros – tornou-se pai contra a sua
vontade. O seu esperma foi usado para inseminar Boyse (Mia Goth), uma jovem que
deu à luz Willow. Ambos eram membros de uma tripulação de prisioneiros: encarcerados
espaciais, condenados à pena de morte. Usados como cobaias pela perversa Dra.
Dibs (Juliette Binoche) são enviados numa missão ao buraco negro mais próximo
da Terra.
Agora, somente Monte e Willow permanecem. Mas Monte
não é o mesmo. Através da filha, e pela primeira vez, experimenta o nascimento
de um amor avassalador. Pela sua parte, Willow cresce, tornando-se numa menina
e depois numa jovem mulher. Juntos e sozinhos, pai e filha aproximam-se do seu
destino final – o buraco negro onde o tempo e o espaço deixam de existir.
Opinião
por Artur Neves
Tive uma surpresa ao
constatar a novidade de um filme de ficção científica realizado por Claire
Denis e de facto, após o visionamento, confirmaram-se as minhas piores suspeitas.
Isto não corresponde a que não goste dos seus trabalhos, não de forma alguma, “O
Meu belo Sol Interior” de 2017, já apreciado neste blogue, ou “35 Shots de Rum”
de 2008, ou ainda “Beau Travail” de 1999 nunca apresentado em Portugal, atestam
a sua qualidade como autora e merecem toda a minha admiração pelo seu trabalho.
A história que este “High Life”
nos conta, tanto poderia ser passada numa ilha deserta, como numa cidade e o
facto de ser reportado no espaço, a caminho de um buraco negro, não tem
qualquer relevância para a experiência que declaradamente se pretendia
realizar, sobre procriação humana com pessoas desqualificadas socialmente,
condenadas à prisão por crimes anteriores que são usadas como cobaias por uma
médica assassina dos filhos e do marido e auto mutilada, (os diálogos do filme reportam
que a Dra. Dibs tem uma vagina de silicone) por razões que nunca saberemos. Por
outro lado, a sua farta cabeleira de Rapunzel e a sua exuberante carnalidade,
são características de um personagem interpretado por uma grande atriz.
Deste conjunto distópico
resulta uma criança, filha de Monte, a quem a Dra, Dibs roubara esperma,
literalmente, e fecunda uma das passageiras da nave para realizar a experiência
de procriação no espaço exterior, cujos resultados são os esperados (como é
óbvio) mas em que não existe qualquer coleta de dados para inferência de
resultados e estabelecimento de conclusões, porque no final, com todos os
tripulantes mortos e com a rota traçada para o buraco negro um fim inevitável de
morte inglória, espera-os!...
Pergunto-me qual a razão
deste exercício!... para ser um trabalho de ficção científica, não basta vestir
aos atores um fato espacial do tipo, à prova de fogo, inclui-los numa nave com
a forma de uma caixa de fósforos e mandá-los para um buraco negro enquanto
durante a viagem eles fazem umas macacadas pseudo científico dramáticas, ou seja
lá como lhes queiram chamar. Uma absoluta perda de tempo, todavia, é sempre um
prazer ver Juliette Binoche atuar e para ela vai toda a classificação a seguir
indicada.
Classificação: 4 numa escala
de 10
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