5 de novembro de 2018

Opinião – “A Rapariga Apanhada na Teia de Aranha” de Fede Alvarez



Sinopse

Lisbeth Salander, a figura de culto e protagonista da aclamada série “Millenium” criada por Stieg Larsson, volta ao cinema com A Rapariga Apanhada na Teia de Aranha, do recente best-seller mundial escrito por David Lagercrantz. A vencedora do Globo de Ouro Claire Foy, atriz em “The Crown” interpreta Lisbeth Salander sob a realização de Fede Alvarez, realizador do thriller “Nem Respires” de 2016; argumento adaptado por Steven Knight, Fede Alvarez e Jay Basu.

Opinião por Artur Neves

Stieg Larsson, jornalista sueco já falecido, autor da Trilogia “Millennium” já transposta para o cinema noutros tantos filmes que podem ser enquadrados no género thriller, destacaram o personagem de Lisbeth Salander, uma hacker de elevada competência (interpretado por Noomi Rapace, cujo notório desempenho a conduziu ao estrelato), foram como que “repescados” pelo escritor também sueco David Lagercrantz para continuar a anterior série de sucesso, donde resultou este 4º filme. Muito embora a história não tenha qualquer ligação com as histórias veiculadas na trilogia, exceto a personagem de Lisbeth e o seu amigo jornalista Mikael Blomqvist, que neste filme apresenta-se mais inepto do que nos mostrou na serie, o tema da violência sexual contra as mulheres continua a ser abordado, em linha portanto com o movimento #meToo.
A história que agora nos trazem é um thriller de suspense, rodado nas paisagens frias da Suécia, bem ao nível do anterior Mlennium, mostrando uma Lisbeth Salander (Claire Foy) bem ao nível punk da anterior, ornamentada de piercings, tatuagens e fatos negros, perfeitamente focada no seu objetivo de desmantelar uma organização sinistra chamada “The Spiders”, contratada por vilões que mais tarde saberemos, que pretendem obter o programa Firefall, capaz de assumir o controlo de todos os sistemas de defesa anti míssil em todo o mundo e fazer com eles o que muito bem entenderem.
Fede Alvarez, Uruguaio de nascimento, em 1978 e autor do recente filme; “Nem Respires” em 2016, utiliza aqui todos os seus talentos de bom construtor de ambientes sombrios para nos cativar neste filme tecnológico, com profusa utilização da Internet que todos conhecemos, mas levada ao extremo das suas potencialidades reais, incluindo a invasão ao computador de um agente americano da NSA que detinha o programa e que posteriormente parte em sua perseguição.
Para amenizar a história criou-se um drama familiar com a desaparecida irmã de Lisbeth na forma de uma rivalidade entre irmãos decorrente de um pai abusador, mas no geral não paira muita emoção por ali. Fede Alvarez projetou e realizou um competente filme de ação, pegou bem na atmosfera fria de Millennium, sempre em tons cinzentos azulados para acentuar a solidão dos espaços mas esqueceu-se de conferir espessura humana aos personagens que nos estimule alguma emoção diferente da tensão natural do filme de ação.
Todo o filme apresenta-se fluido e coerente, com meios técnicos de bom nível que nos mantêm a atenção e o interesse numa história de espionagem global com a segurança do mundo inteiro em jogo, embora lhe falte algo mais.

Classificação: 6 numa escala de 10

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