Sinopse
No explosivo cenário da guerra do Iraque, os jovens
soldados Brandon Bartle (Alden Ehrenreich) e Daniel Murphy (Tye Sheridan)
forjam laços de profunda amizade. Quando a tragédia atinge o pelotão, um dos
soldados tem de regressar a casa para enfrentar a dura verdade por trás do
incidente e para ajudar uma mãe enlutada (Jennifer Aniston) a encontrar paz.
Com uma envolvente combinação de filme de guerra com drama comovente, Pássaros
Amarelos é um filme inesquecível cuja força perdura muito depois do último
fotograma.
Opinião
por Artur Neves
“Pássaros Amarelos”, contém
mais uma história de guerra, desta vez passada no Iraque durante o maior
embuste político dos Estados Unidos na busca de armas de destruição maciça, na morte
de um ditador e num mergulho sem fim nas guerras tribais e religiosas que afundaram
o Médio Oriente no caos e na desordem de que ainda hoje continuamos a sofrer os
seus efeitos, embora este filme não aborde esta vertente dos factos.
Centra-se na história de
vida dos soldados que são investidos na honrosa função de defesa da Pátria, corporizando
os eventos em dois rapazes, um de 18 anos e outro de 20, que sofrem cada um à
sua maneira a realidade que lhes é oferecida num meio hostil e perigoso que
lhes é estranho. Murphy, o mais novo, de temperamento reservado e introespetivo
sofre no silêncio dos seus pensamentos, toda a miséria que vê e sente, no meio
ambiente que o cerca. Brandon, o seu amigo e fiel “anjo da guarda” sente os
mesmos eventos de modo diferente embora os sofra a outra distância do que se
passa com Murphy e como tal, aparentemente seja mais robusto do que ele.
Todavia, só em presença dos
reais problemas é que poderemos avaliar a nossa resistência aos mesmos e nessa
situação Murphy colapsa, mesmo com a protecção do amigo.
O que se segue é a descida
aos infernos do regresso a casa. Muitas vezes o sofrimento é tal e a dor do
regresso tão intensa, que os mais fortes perdem o sentido dos seus atos e a
sorte do regresso, inteiros e com saúde física, torna-se uma doença
insuperável. Afinal talvez todos regressem “mortos” sem o saberem e percorrer os
locais conhecidos da infância, não passe da deambulação de fantasmas em
transição para o outro mundo.
Baseado no romance de Kevin
Powers, “Pássaros Amarelos” é um relato subjectivo da guerra ficcionando na
primeira pessoa as experiências do próprio autor neste conflito contemporâneo que
nos mostra mais uma vez a inutilidade da guerra, como meio de atingir os objectivos
esperados pelos seus estrategas. É antes um caminho para a perda da inocência com
todos os “condimentos” já experienciados pelos seus pais e avós, no
Afeganistão, Vietname ou Coreia.
A realização está bem
conseguida apresentando-nos a história em flashback,
mostrando uma boa caracterização dos seus intervenientes embora com alguma
falta de espessura em certas situações decorrente da limitação temporal da obra
em cinema. O cenário é convincente e os locais da guerra no deserto estão bem
concebidos. Constitui um espectáculo emotivo e um trabalho sério, muito embora
se alheie do contexto que deu origem. Vê-se com agrado.
Classificação: 6 numa escala
de 10
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