9 de outubro de 2018

Opinião – “Do Jeito que Elas Querem” de Bill Holderman


Sinopse

Nos arredores da Califórnia, quatro amigas de longa data na casa dos 60 anos decidem ler, no seu clube do livro mensal, o polémico romance "As Cinquenta Sombras de Grey". Assim se inicia uma mudança que vai abalar as suas vidas por completo…

Opinião por Artur Neves

Nunca percebi completamente o motivo da mudança de nome dos filmes estrangeiros que vemos em Portugal. Com um nome, pretende-se sintetizar no menor número de palavras possível, o tema ou o assunto abordado no filme, que no original este tem: “Book Club”, “Clube de Leitura” que centrava as reuniões periódicas que elas tinham e as conversas desenvolvidas em torno do romance escolhido e que no caso as dinamizou para a procura de sexo numa idade pós-menopausa, onde convencionalmente se acha que esses impulsos estão aplacados.
É verdade que no tal “Clube de Leitura” nunca se viu ler-se qualquer livro, mas é igualmente verdade que o modo como cada uma procurou sexo foi condicionado pelas suas experiências anteriores, como aliás é normal, pelo que; “Do Jeito que Elas Querem” recentra a ação para as iniciativas individuais, obviamente diferentes entre si, para a obtenção de um desiderato comum, planeado e desenvolvido no tal “Clube de Leitura” que as juntou e continuou a juntar para apreciação e reflexão sobre os resultados obtidos.
Enfim, aceitando a mudança de nome, o que temos aqui é uma comédia de costumes, na linha mais tradicional da comédia americana, com quatro atrizes de peso com provas dadas, secundadas por outros tantos atores, seus pares, igualmente bem qualificados.
A nota mais importante desta história, da qual se adivinha tudo pelo andamento da ação, é não ter caído na ridicularização fácil dos mais velhos pelos motivos e modos da busca de sexo pelas quatro amigas, mas conferindo-lhes normalidade e dignidade de forma a podermos rir com elas dos insucessos e não rirmo-nos delas, transferindo para as filhas de Diane, (Diane Keaton) duas jovens, o odioso do convencionalismo da censura de costumes.
O humor desta história é conseguido pela falta de jeito que elas apresentam nas tentativas de conquista do homem desejado, em comparação com a prática atual realizada por adolescentes. Elas não sabem como se pintar, como se vestir, como se tornar atraentes e mostrar a disponibilidade que possuem nesta fase da vida, para cativar os seus preferidos. Por outro lado é um filme que não apresenta qualquer cena de sexo, ou sequer erótica, apesar do seu desejo estar sempre presente atravessando liminarmente as quatro amigas.
É um filme otimista sem reservas, em que os cenários são claros, vistosos, bem decorados e com cores vivas utilizando músicas bem conhecidas. Este facto porém, confere alguns laivos de spot publicitário a alguns trechos da ação, que são compensados pela homenagem à “sexsalescência”, a capacidade sexual em faixas etárias mais avançadas onde é “normal” encontrar-se a amargura do envelhecimento e o medo da morte.
Sem surpresas, quase como por milagre, todos os problemas amorosos das quatro amigas são resolvidos com sucesso, neste filme ligeiro, sem complicações profundas, que dá para sorrir, ver e esquecer a breve prazo.

Classificação: 5 numa escala de 10

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