Sinopse
Sete estranhos, cada um com um segredo por enterrar,
encontram-se no El Royale de Lake Tahoe, um hotel decadente com um passado
sombrio. Durante uma noite fatídica, todos terão uma última oportunidade de se
redimir... antes que tudo corra mal. Jeff Bridges, Chris Hemsworth, Jon Hamm,
Dakota Johnson e Cynthia Erivo fazem parte deste elenco de estrelas em “Sete
Estranhos no El Royale”.
Opinião
por Artur Neves
Muito se tem escrito como
sendo o modo correto de contar uma história, mas realmente o mais importante é
todos os elementos constarem da narrativa, numa ordem que pode não ser
sequencial e até, serem apresentados mesmo depois do aparecimento dos eventos a
que se reportam e que os justificam. É o caso desta história, bem simples por
sinal, mas decorrente do modo como nos é apresentada, mantém o espetador de surpresa
em surpresa a observar o desenrolar dos acontecimentos, aparentemente sem
relação entre si. Parabéns ao editor que tem aqui um excelente trabalho de
montagem que consegue fixar a atenção do espetador em todos os movimentos por
mais inesperados que sejam.
Escrito e realizado por Drew
Goddard, nascido em 1975 em Los Alamos, Novo México, onde cresceu e estudou,
este homem tem no seu curriculum obras como “Sete Palmos de Terra”, série de
muita qualidade, “Perdidos”, série, “10 Cloverfield Lane” de 2016, e outros,
com propensão para um estilo de tensão, enredo e suspense semelhantes ao que se encontra no presente filme, que
embora podendo classificar-se como thriller
não descarta uma componente fantástica a um nível aceitável, que se reconhece e
nos convence.
No início, entre eles, não
se conhecem nem estabelecem qualquer relação para lá da convivência
cerimoniosa. São apenas diferentes pessoas que no mesmo tempo procuram
alojamento no mesmo hotel. Todavia, neste primeiro contacto, o hotel começa a
assumir-se também como uma personagem, tal é a sua organização arquitectónica, a
solidão reinante e o mistério que transmite, bem como o facto de estar aberto
mas sem ninguém disponível no balcão central, nem em qualquer das outras
utilidades que se vão descobrindo em redor do Lobby.
Pelas conversas que entabulam
começa a perceber-se os diferentes objectivos de cada um, bem como, as sua
personalidades individuais, as suas fraquezas e desejos, muito embora durante
quase metade do filme não saibamos com clareza ao que vêm. Porém, as
informações fornecidas em flashback, vão
começando a compor a história na nossa memória e lentamente tudo começa a fazer
sentido, concluindo-se ser uma história de crime e de perdão, de convicções
frustradas, de raiva, de submissão, de fuga também e de redenção para crimes do
passado que se querem esquecer sem sucesso.
Os maiores culpados são os
que se assumem como anjos salvadores na demanda por uma salvação utópica e
castradora e tudo se revela coerentemente numa pequena história, passada num
hotel pintado com cores quentes, num dia ensolarado e numa noite de chuva que
se vê com agrado, sem pontas soltas, culmina com um epílogo de esperança num
amor futuro. Constitui um agradável espectáculo de cinema mistério que
recomendo sem reservas.
Classificação: 7 numa escala
de 10
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