11 de outubro de 2018

Opinião – “Sete Estranhos no El Royale” de Drew Goddard


Sinopse

Sete estranhos, cada um com um segredo por enterrar, encontram-se no El Royale de Lake Tahoe, um hotel decadente com um passado sombrio. Durante uma noite fatídica, todos terão uma última oportunidade de se redimir... antes que tudo corra mal. Jeff Bridges, Chris Hemsworth, Jon Hamm, Dakota Johnson e Cynthia Erivo fazem parte deste elenco de estrelas em “Sete Estranhos no El Royale”.

Opinião por Artur Neves

Muito se tem escrito como sendo o modo correto de contar uma história, mas realmente o mais importante é todos os elementos constarem da narrativa, numa ordem que pode não ser sequencial e até, serem apresentados mesmo depois do aparecimento dos eventos a que se reportam e que os justificam. É o caso desta história, bem simples por sinal, mas decorrente do modo como nos é apresentada, mantém o espetador de surpresa em surpresa a observar o desenrolar dos acontecimentos, aparentemente sem relação entre si. Parabéns ao editor que tem aqui um excelente trabalho de montagem que consegue fixar a atenção do espetador em todos os movimentos por mais inesperados que sejam.
Escrito e realizado por Drew Goddard, nascido em 1975 em Los Alamos, Novo México, onde cresceu e estudou, este homem tem no seu curriculum obras como “Sete Palmos de Terra”, série de muita qualidade, “Perdidos”, série, “10 Cloverfield Lane” de 2016, e outros, com propensão para um estilo de tensão, enredo e suspense semelhantes ao que se encontra no presente filme, que embora podendo classificar-se como thriller não descarta uma componente fantástica a um nível aceitável, que se reconhece e nos convence.
No início, entre eles, não se conhecem nem estabelecem qualquer relação para lá da convivência cerimoniosa. São apenas diferentes pessoas que no mesmo tempo procuram alojamento no mesmo hotel. Todavia, neste primeiro contacto, o hotel começa a assumir-se também como uma personagem, tal é a sua organização arquitectónica, a solidão reinante e o mistério que transmite, bem como o facto de estar aberto mas sem ninguém disponível no balcão central, nem em qualquer das outras utilidades que se vão descobrindo em redor do Lobby.
Pelas conversas que entabulam começa a perceber-se os diferentes objectivos de cada um, bem como, as sua personalidades individuais, as suas fraquezas e desejos, muito embora durante quase metade do filme não saibamos com clareza ao que vêm. Porém, as informações fornecidas em flashback, vão começando a compor a história na nossa memória e lentamente tudo começa a fazer sentido, concluindo-se ser uma história de crime e de perdão, de convicções frustradas, de raiva, de submissão, de fuga também e de redenção para crimes do passado que se querem esquecer sem sucesso.
Os maiores culpados são os que se assumem como anjos salvadores na demanda por uma salvação utópica e castradora e tudo se revela coerentemente numa pequena história, passada num hotel pintado com cores quentes, num dia ensolarado e numa noite de chuva que se vê com agrado, sem pontas soltas, culmina com um epílogo de esperança num amor futuro. Constitui um agradável espectáculo de cinema mistério que recomendo sem reservas.

Classificação: 7 numa escala de 10

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