Sinopse
Baseado no best-seller de Ann Patchett, BEL CANTO é
uma dramática história de amor centrada numa famosa soprano (Julianne Moore),
que viaja à América do Sul para dar um concerto privado numa festa de um
magnata industrial japonês (Ken Watanabe). No auge da reunião de diplomatas e
políticos, a mansão é assaltada por um grupo rebelde armado que exige a
libertação dos seus camaradas presos. São feitas ameaças, perdem-se vidas,
começa uma negociação tensa e segue-se um longo impasse.
Enquanto estão presos na mansão, os reféns e seus
captores, que falam línguas diferentes, são forçados a encontrar novas formas
de comunicar. A música, especialmente as belíssimas árias cantadas pela
personagem de Julianne Moore, desperta uma camaradagem comum e até faz
florescer o amor, unindo as várias pessoas que criam inesperados laços,
levando-as a ultrapassar as suas diferenças e a redescobrirem a sua humanidade.
Opinião
por Artur Neves
Bel Canto na sua origem,
corresponde a uma técnica vocal que pode ser desenvolvida por aprendizagem e
prática subsequente, que procura enfatizar o virtuosismo vocal e
simultaneamente acentuar o conteúdo dramático da peça cantada através do uso
expressivo da coloração vocal, diferenciando algumas notas no contexto da peça
cantada. No filme, a melódica voz da personagem interpretada por Julianne Moore,
pertence á aclamada soprano americana; Renée Fleming, considerada uma das
principais cantoras líricas da atualidade.
Nesta história enfatiza-se o
efeito da música sobre a sensibilidade humana, seja de que condição for,
tentando demonstrar que até os mais modestos e musicalmente iletrados podem
sentir-se arrastados pela beleza tonal de uma bela voz, fazendo com que se
esbatam as diferenças entre as pessoas nos mais variados contextos, incluindo
os de tensão e morte como no assalto ao teatro pelos rebeldes que procuravam a
liberdade dos seus correligionários presos através da cativação do presidente do
país onde se dá o golpe, que presumidamente estaria a assistir ao concerto.
Paul Weitz, realizador
americano nascido em 1965, de pendor melómano, e autor de uma série de sucesso em
40 episódios que serviu para divulgação de música clássica; “Mozart in the
Jungle” de 2014, não estreada em Portugal, apresenta-nos neste filme a sua
visão do poder da música, na particular classificação do Bel Canto, desprezando
(digo eu) ou descurando, o efeito e a ação do “putsch” num país que nunca saberemos qual é, embora se possa intuir
ser algures na América latina, decorrente dos diálogos em Espanhol.
Os rebeldes são
representados como um grupo jovem, mal formado, sem preparação militar, sem
estratégia nem plano de assalto, exceto a desejada prisão do presidente que
afinal não se encontrava lá. É assim que neste contexto anárquico sobressai a
claríssima voz da soprano Roxane Coss (Julianne Moore - Renée Fleming) que
encantou o magnata Ken Watanabe (Katsumi Hosokawa) e todos os que a ouviram
cantar, com particular ênfase para os rebeldes que nunca tinham escutado tanta
beleza, nem se tinham deixado arrastar para o amor. Temos portanto uma história
de pendor revolucionário em ambiente lírico mas que não consegue ser nem uma
coisa nem a outra considerando a atabalhoada revolução que nos é mostrada e os
curtos intervalos em que se ouve, o tal, Bel Canto. Fica-se com a sensação que
muito ficou por dizer e fazer na ação, e pouco se ouviu de Bel Canto, o que é
pena, porque realmente é magnificamente belo.
Classificação: 5 numa escala
de 10
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