Sinopse
Desde que nasceu, Anna (Bel Powley) vive isolada do
mundo, com um homem a quem sempre chamou Papá (Brad Dourif) e que tem feito
todos os possíveis para lhe esconder a verdade sobre as suas origens. No
entanto, quando Anna é exposta ao mundo real sob a proteção de uma polícia
resoluta chamada Ellen (Liv Tyler), torna-se óbvio que a jovem está longe de
ser uma adolescente normal.
Incapaz de se ajustar à vida mundana, Anna é atraída
pela liberdade selvagem da floresta, ao mesmo tempo que tenta resistir aos
estranhos instintos e à crescente sede de sangue que despertam dentro de si.
Wildling – A Última Criatura é um thriller que combina de forma original e muito bem-sucedida o
género de terror sobrenatural com o dos contos de autodescoberta.
Opinião
por Artur Neves
A licantropia; “capacidade
ou maldição caída sobre um homem que se transforma em lobo” de acordo com
Wikipédia, tem sido bastantes vezes abordada no cinema tais como em; “Um
Lobisomem Americano em Londres” de 1981, ou o mesmo mas em Paris de 1997, no
estilo da fantasia / comédia, ou ainda a saga “Twilight” em quatro episódios de furioso romance amoroso entre
humanos e licans que deram particular destaque a Kristen Stewart e Robert Pattinson,
mas nunca com tanta sobriedade e decência como neste filme.
Este fenómeno é na realidade
um mito com raízes na cultura da Europa Oriental e dos povos eslavos que
povoaram as sociedades da época com lendas que apontavam a ocorrência da sua
transformação entre homens e lobos nas noites de lua cheia em que estes
adquiriam poderes sobrenaturais que lhes conferiam invencibilidade e poder
físico, dando portanto oportunidade ao desenvolvimento de histórias de ação com
batalhas e efeitos especiais tão ao gosto da indústria cinematográfica.
Neste filme também há efeitos
especiais, mas de caraterização inerentes á transformação, mas com história de
vida de um ser que não se conhece, que não conhece o mundo que lhe foi
apresentado sempres através de grades que lhe serviam de prisão e de proteção,
contra os seus instintos imutáveis, progressivamente revelados durante o seu
crescimento.
É também uma história de
amor / ódio, primeiro pelos cuidados prestados durante a infância e depois pela
mentira e ocultação da sua natureza durante tempo demais. Fritz Böhm, realizador
alemão com provas dadas neste género de filmes sabe conduzir a história,
apresentando-nos as respostas antes das perguntas, isto é, apresenta-nos factos,
gestos e frases incompreensíveis de que só posteriormente encontramos justificação,
mantendo uma sadia surpresa durante toda a narrativa que nos empolga e motiva.
Anna (Bel Powley) com os
seus bem expressivos olhos azuis e boca sensual traz-nos este personagem
cativante ao princípio mas que sucessivamente se vai degradando ao assumir a sua
verdadeira natureza, todavia, mesmo nesse estado a sua postura e os valores demonstrados
pela sua conduta justificam as suas opções e fazem-nos continuar a aceitá-la
sem muita resistência. Boa história, bom espetáculo de cinema onde não damos
por mal empregado o tempo dispendido.
Classificação: 6 numa escala
de 10
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