Sinopse
MCQUEEN é uma visão pessoal da extraordinária vida,
carreira e arte de Alexander McQueen.
Através de entrevistas exclusivas com os amigos e
familiares do designer, de arquivos
recuperados, imagens e música de extrema beleza, MCQUEEN é uma celebração
autêntica e um emocionante retrato de um visionário inspirado, e torturado, do
mundo da moda.
O documentário foi realizado por Ian Bonhôte e escrito
e corealizado por Peter Ettedgui.
Opinião
por Artur Neves
Se tivéssemos dúvidas quanto
à origem e objectivos que compõem um desfile de moda de alta-costura, este documentário
da vida e obra de Lee Alexander McQueen dissipa-as e ilustra os fundamentos da criatividade
humana, nem sempre inspirada nos motivos mais prosaicos que a mente humana pode
conceber.
Esta é uma obra
autobiográfica de um estilista de sucesso, executada com base em testemunhos,
fotografias e filmes, feitos pelo próprio e por pessoas do seu círculo restrito
que o amaram, idolatraram e odiaram, pela sua impulsividade, determinismo e
perseguição de um objectivo, cuja pulsão nem ele mesmo soube de onde vinha, mas
que se afirmava sobre a sua extrovertida personalidade subjugando todos na
concretização das suas visões.
De origem modesta e desde
muito cedo com tendência para actividades de costura e fabricação de roupas,
este filme traça o seu percurso através da edição de documentos reais que
embora desconexos e intercalados no seu tempo de vida, relativamente curto,
morreu a 11 de fevereiro de 2010 com 40 anos, imprimiu na moda um cunho pessoal
impregnado das suas frustrações, medos e preferências (ele criava falcões,
razão pela qual os fatos que criou continham penas, nas mais variadas
aplicações que se destacavam em todos os desfiles) de uma vida sofrida entre um
pai que não o compreendia e detestava a sua assumida homossexualidade e uma mãe
afectuosa e protectora, cujo insustentável sofrimento pela sua perda contribuiu
decisivamente para o seu suicídio no dia do funeral da sua mãe.
É toda esta vida trágica que
o documentário nos transmite, com base em relatos dos seus companheiros, colegas
de trabalho e modelos, sujeitos à vontade dos seus delírios criativos tornando
um desfile de moda num espectáculo de criatividade que o aproximava de uma
feira de horrores, tal era a impregnação dos seus defeitos e da “escuridão” depressiva
e suja em que navegava diariamente o seu espírito, transmitindo a todas as
obras que criava com os mais variados materiais, uma exceção de expressão visual,
apenas usados para vestir durante aquele desfile específico.
Apesar de ser um
documentário, as revelações nele contidas são ousadas e apresentadas de modo interessante
e motivador que nos prende a atenção e estimula emoções sobre aquele ser tão
controverso e único. Com música de Michael Nyman que McQueen ouvia
compulsivamente, este filme vê-se com agrado e por motivos culturais, sobre um
génio da nossa época.
Classificação: 8 numa escala
de 10
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