23 de agosto de 2018

Opinião – “Papillon” de Michael Noer


Sinopse

Inspirado nos livros autobiográficos e best-sellers mundiais “Papillon” e “Banco”, o filme segue a épica história baseada em factos verídicos de Henri “Papillon” Charrière (Charlie Hunnam), um arrombador de cofres do submundo parisiense, que é injustamente incriminado por homicídio e condenado a prisão perpétua na colónia penal da Ilha do Diabo. Papillon cria uma improvável aliança com o falsário Louis Dega (Rami Malek), que em troca de proteção concorda em financiar a fuga de Papillon. Juntos irão planear e executar a mais corajosa fuga alguma vez contada.

Opinião por Artur Neves

“Papillon” é a dramatização do livro de Henry Charriere sobre a sua vivencia numa prisão de alta segurança na Guiana Francesa, para onde o governo Francês da época de 1930 enviava os criminosos condenados, com a dupla função de cumprimento da pena que lhes foi atribuída e no final desta, continuarem na ilha com o objetivo de a habitarem por igual período ao da pena, constituir família, e consolidar a possessão do território colonizado pela França.
Na década de 30 os direitos humanos eram uma ficção, não existiam organizações como a Amnistia Internacional, que só foi constituída em 1961, pelo que quem caísse por desdita nas mão dos sicários deste tipo de prisões era sujeito ás mais indescritíveis sevícias e maus tratos, ficando totalmente à mercê dos guardas e carcereiros que os privavam da liberdade. Em boa verdade estavam todos presos, pois naqueles lugares de exilio e naquelas condições era quase comum a ambos os grupos a submissão aos mesmos locais no mesmo tempo e com as mesmas pessoas.
É desta vida de prisioneiro e do sofrimento que lhe foi infligido que o filme aborda o percurso de Papi, e de Louis Dega, um outro condenado com particular habilidade para o desenho e bem assim, para a falsificação de documentos e de dinheiro que o levou para aquele lugar, e a estabelecer uma ligação de amizade com Papi por mutualização de interesses durante todo o tempo de permanência de ambos na prisão.
A diferença entre ambos é a vontade indomável de Papillon em fugir, a qualquer custo, para o qual Louis Dega se encarregava de obter dinheiro, oportunidade e contactos no interior de prisão. Desta simbiose, cimentou-se uma amizade inquebrável e fiel entre os dois homens.
Esta versão é um remake de um trabalho com o mesmo nome e sobre a mesma história, realizada por Franklin J. Schaffner em 1973, em que Papillon é interpretado por Steve McQueen e Louis Dega por Dustin Hoffman em inicio de carreira, embora já com dois enormes êxitos no curriculum, tais como: “O Cowboy da Meia-Noite” de 1969 e “A Primeira Noite”.de 1967.
Refiro esta nota para acrescentar que embora o atual filme esteja bem feito, constituindo um objeto de realização cuidada, retratando com fidelidade o sofrimento que foi infligido aqueles dois homens, bem como a todos os outros prisioneiros submetidos a condições desumanas a intensidade dramática dos personagens atuais está aquém da que foi desempenhada por Steve McQueen e Dustin Hoffman, muito particularmente este último em que a sua fragilidade, nervosismo constante e dependência exclusiva dos seus óculos é ainda hoje um personagem de referencia para o seu desempenho como ator.
Esta facto não belisca a classificação de qualidade para este filme, bem como a sua recomendação para o ver, por constituir um excelente espetáculo.

Classificação: 7 numa escala de 10

Sem comentários: