21 de agosto de 2018

Opinião – “Juliet, Nua” de Jesse Peretz


Sinopse

Annie (Rose Byrne) está encalhada numa relação de longa duração com Duncan (Chris O’Dowd) – um fã obsessivo de Tucker Crowe (Ethan Hawke), um artista obscuro de “rock” alternativo, desaparecido há 25 anos.
Quando aparece a “demo” acústica do velho álbum de Tucker, Duncan escreve uma crítica arrebatadora. Num momento de revolta, Annie publica a sua própria crítica, uma humilhação mordaz das gravações. Mas para sua surpresa, Tucker gosta da crítica de Annie e envia-lhe um “e-mail” a agradecer. Segue-se um encontro entre a antiga estrela e a namorada do seu maior fã, que virá a mudar as suas vidas.
Com Rose Byrne, Ethan Hawke e Chris O’Dowd, “Juliet, Nua” é um relato cómico das segundas oportunidades da vida, baseado no romance de Nick Hornby (“Era Uma Vez Um Rapaz”, “Alta Fidelidade”).

Opinião por Artur Neves

De toda a nossa atividade enquanto pessoas os nossos maiores esforços são no sentido de sermos felizes, objetivo este para o qual orientamos as nossas energias, esforços e sacrifícios para atingir um estado interior de paz plena, completa, inteira, que nos faça sorrir por nada e até, chorar por tudo, com receio de desequilibrar aos nossos olhos esse “Nirvana” que até pode não ser compreendido ou identificado por mais ninguém além de nós, nesse intervalo temporal que estamos vivendo.
Todavia, esse júbilo pode também resultar de um grave equívoco de avaliação gerado por nós na ânsia de encontrar essa felicidade efémera e á nossa volta o ambiente não passe de uma aleatória organização de eventos de que desconhecemos as suas consequências ou até a sua existência, pelo fundamental empenho em conseguir afirmar e sentir uma paz duradora e plena na sequencia caótica dos dias que passam.
É esta realidade que nos é contada na história deste filme por Jesse Peretz, baseado no romance de Nick Hornby, nascido em 1957, professor de Inglês para estrangeiros e escritor freelancer, que em 1995 escreveu “Alta Fidelidade” contendo muitas referencia autobiográficas, das quais ele ri de si próprio e se lamenta, pelo fracasso que ele sempre pensou ser um sucesso, desta vez, pela opinião de outros ignorantes como ele potenciados pela tecnologia atual que nos permite viver todas as utopias como uma realidade que afinal é apenas só nossa, embora sem sabermos que á nossa volta reina o caos.
Com graça, com ternura, em amenas e descomprometidas conversas a confusão vai-se estabelecendo, através de personagens credíveis que dão corpo a um completo desatino de vida que se vai adensando a cada revelação. A apresentação a Annie (Rose Byrne) da “família” de Tucker Duncan (Ethan Hawke) no hospital, após a ocorrência de um enfarte é uma das cenas mais esdrúxulas que contemplamos pela diversidade de relações que nos são mostrados. Toda a história nos motiva sorrisos, emoção e surpresa, pois para além de poder acontecer, mostra-nos “ao espelho” paralelos com algumas nas nossas experiências pessoais que poderá fazer-nos refletir. Transmite-nos uma alegre nostalgia, a ver, recomendo.

Classificação: 8 numa escala de 10

PS: Ethan Hawke nunca foi um ator que me tivesse despertado particulares simpatias ou interesse pelos desempenhos que lhe conhecia. Porém, em 2018, com o filme; “No Coração da Escuridão”, em exibição, e com este “Juliet, Nua” estou francamente a mudar de opinião.

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