Sinopse
Dois assassinos de aluguel (Max Irons e Dexter Fletcher) embarcam uma
missão suicída, encomendada por uma pessoa misteriosa. Até que surge uma mulher
perigosa, Annie (Margot Robbie), que está mais envolvida nessa história do que
aparenta.
Opinião
por Artur Neves
Vaughn Stein, realizador e
autor do argumento desta história não linear recheada de mistério, apresenta
elevado ecletismo no seu curriculum cinematográfico como realizador que não o
indiciaria á partida como autor completo deste filme que nos traz Annie, (e Bonnie)
uma femme fatale interpretada em bom
nível por Margot Robbie, atriz multifacetada de muitos recursos, atualmente
muito requisitada no meio e nomeada nos Oscares de 2018 para melhor atriz no
filme; “I Tonya”, embora não tendo conseguido a desejada estatueta.
A história de “Terminal” é
muito simples e breve, a magia reside na forma como nos é contada num cenário
de fantasia, onde uma mulher, ora sedutora, ora frágil, ora pérfida e
misteriosa seduz as suas vítimas num terminal de comboios abandonado para cumprir
uma vingança de sangue que só no final compreenderemos, se para tal tivermos a
necessária paciência que o desenvolvimento da história requer.
A forma de contar
apresentada neste filme tem semelhanças com “Sin City” de 2005, embora sem a
banda desenhada que o caracterizou, apresentando diálogos bem definidos e cenas
de acordo com esses mesmos diálogos criando ligações entre os personagens que o
realizador deliberadamente esconde o seu verdadeiro sentido deixando ao
espetador a possibilidade de criar a sua razão e fundamento para tais atitudes
que não têm direta relação com o eixo da história, mas tão somente um artifício
para uma vingança que quanto mais fria se servir melhor será o seu sabor.
O ambiente onde a acão
decorre é sombrio e pejado de sombras, vultos, esquinas e recantos que conferem
mistério pelo que ocultam em si mesmo, e menos pela sua necessidade figurativa
e cénica, contrastando com outras de um brilho excessivo que literalmente nos
cega pela habituação à escuridão geral. Tal como na iluminação é um filme de
excessos visuais que se veem com curiosidade, suspense e alguma incredulidade por durante a maior parte do tempo andarmos
em círculos em busca de um sentido. Todos os personagens são solitários e
apresentam traços de uma solidão tão densa como a escuridão que os envolve.
Lenta e porfiadamente as “pontas”
começam a ligar-se e então tudo será compreendido e justificado. É o tempo em
que a história ganha contornos de conto infantil, embora “gore”, considerando o
abandono a que as meninas foram votadas numa altura em que a infância precisa
de carinho e cuidados maternos para medrar saudavelmente. Quando tal não
acontece o resultado pode ser surpreendente e permanecer latente até à
consumação da vingança. Não é um filme comum, contado na sequência normal dos
eventos que reporta e nessa caraterística reside o seu maior interesse.
Classificação: 5 numa escala
de 10
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