Sinopse
Sal Frieland (Clive Owen) é um polícia confrontado com
uma série de assassinatos que parecem interligados. Como qualquer detetive,
propõe-se a encontrar o assassino, mas no futuro próximo ele tem uma vantagem
distinta: nesta sociedade, a vida de todos é registrada ao microssegundo e
guardada numa rede chamada The Ether, não havendo espaço para o anonimato.
Quando, durante a investigação, Frieland se cruza com uma jovem (Amanda
Seyfried) que não está associada a qualquer identificação, encontra a primeira
pista de que a segurança da The Ether foi comprometida, e que alguém conseguiu
editar registros de vida e, assim, encobrir os crimes. Frieland entra assim
numa missão para encontrar uma mulher que não existe e desmascarar uma
conspiração que vai muito para além do esperado.
Opinião
por Artur Neves
“ANON”… de ANÓNimo ou de
ANONimato, conta-nos uma interessante história passada num futuro próximo,
(considerando a exponencial evolução informática) em que todos os seres de uma
cidade, de uma empresa, ficam ligados entre si através de implantes cerebrais
que possibilitam a visualização instantânea de todos os dados identificativos
de cada individuo apenas pela proximidade entre eles e pelo acesso que essa proximidade
reciprocamente confere à rede neuronal de controlo centralizado nas autoridades
que os “conhecem” a todos.
Numa sociedade com estas características
a privacidade não existe e o sigilo individual é uma metáfora. O problema surge
quando na visualização com alguém com que nos cruzamos não nos são oferecidos
quaisquer dados sobre essa pessoa, o que indicia uma de duas coisas; avaria do
sistema ou edição dos dados para alteração, substituindo-os por um conteúdo conveniente
de acordo com as necessidades individuais, o que é estritamente reservado,
constituindo uma grave violação da lei.
É pois neste ambiente futurista,
incluindo a informação em tempo real sobre todas as nossas ações, que Andrew
Nicool desenvolve um denso thriller policial
de um detetive a tentar identificar o autor de um assassinato para o qual os elementos
descritivos da sua ocorrência foram apagados da base de dados, criando com isso
um novo crime e um criminoso mais letal na pele do hacker que conseguiu essa proeza.
O sistema não pode permitir tal intrusão.
O filme desenrola-se num
ambiente verde-escuro que contamina todas as outras cores, conferindo um secretismo
grave e uma solidão a todos os intervenientes que se torna espessa e tangível
em muitas situações criadas. A cidade é nua de vida como a conhecemos,
organizada, severa em todos os pormenores de relação social e os personagens
estão bem defendidos pelos atores a que foram confiados. Em todos os seus
contactos os afetos foram banidos e a ausência de privacidade é um dado
significativo da sua relação.
O realizador Neozelandês Andrew
Nicool é experiente na criação de histórias “fora da caixa” tais como; “Gattaca”
de 1997 sobre a procriação in vitro, “Sim0ne”
de 2002 sobre a criação de uma pessoa digital, “O Senhor da Guerra” de 2005
sobre as questões morais associadas ao tráfico de armas, “Sem Tempo” de 2011, “Nómada”
de 2013 e “Morte Limpa” de 2014 sobre o remorso dum piloto de drones na guerra
do Afeganistão, talvez o seu filme menos criativo mas ainda assim surpreendente
pala abordagem que nos apresenta. Por tudo isto, e pela perspetiva da sociedade
que nos é apresentada, ANON é um filme a ver, recomendo.
Classificação: 8 numa escala
de 10
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