Sinopse
A improvável parceria entre Katharine Graham (Meryl Streep)
do Washington Post, a primeira mulher na liderança de um dos principais jornais
norte-americanos e Ben Bradlee (Tom Hanks), o editor do jornal, na corrida com
o New York Times para expor um dos maiores encobrimentos de segredos
governamentais que durou três décadas e passou por quatro presidentes
americanos. Num filme empolgante, os dois protagonistas têm de ultrapassar as
suas diferenças enquanto arriscam as carreiras e a própria liberdade para
desenterrar verdades há muito escondidas do público.
Opinião
por Artur Neves
Pretende-se demonstrar nesta
história o heroísmo do jornalismo de investigação, quando ao serviço da
democracia representativa denuncia em letra de forma a deturpação das regras
básicas desse regime político, que embora dispendioso e falível como todas as
obras humanas constitui ainda o regime mais equilibrado das relações sociais entre
cidadãos.
Neste caso, trata-se da denúncia
da mentira do governo americano sob a presidência de Richard Nixon, estar enganar
o povo americano sobre o real estado de desenvolvimento e de perspetivas
futuras da guerra em que a América estava envolvida no Vietnam. Essa fuga de
informação chega ao jornal The Washington
Post (The Post) e o filme de Spielberg
analisa as eventuais implicações perversas que podem provocar na sociedade e no
próprio jornal, considerando que se trata de divulgação de documentos classificados.
Toda a intriga da história
gira em torno da decisão de publicar ou não publicar um material altamente
confidencial fornecido por uma fonte secreta que segundo a deontologia jornalística
não deve ser revelada. A atmosfera de indecisão é criada por dois excelentes atores;
Tom Hanks e Meryl Streep em que o primeiro é o chefe de redação e a segunda a
dona do jornal com ligações próximas e de amizade a figuras da primeira linha
do governo em funções.
Todavia, Spilberg condena à
partida o destino para aquela informação mostrando-nos como que um “destino
traçado” para aquelas duas pessoas fazerem história no meio editorial americano,
devido a dispensar menos importância ao processo de análise da verdade contida
na informação e na fundamentação da decisão e mais tempo e texto, á gloriosa
decisão de permitir a divulgação de todo aquele material escaldante que lhe caiu
nos braços de proveniência “desconhecida”. Já sabemos que o jornalismo é o 4º
poder e está fadado para empreender grandes mudanças sociais mas com a retórica
apresentada neste filme, Spielberg dá-nos tudo de bandeja, considerando que
poderia ter sido estabelecido um paralelismo entre esta América dos anos 70 e a
atualidade em que mais uma vez, o inquilino da Casa Branca deturpa e fabrica a
informação de acordo com as suas conveniências e com um novo aliado que são as
redes sociais
Em boa verdade, Spielberg
deixa alguns recados a Trump, mas toda a ação da história é frouxa, monótona,
circunscrita à dicotomia da publicação e às conveniências palacianas da política
que se desdobra em contactos e reuniões sempre sobre um mesmo assunto. O trabalho
dos atores é realmente fabuloso e mesmo com este argumento menor, dá gosto
vê-los atuar e interagir entre si através dos personagens e é para eles vai
toda a classificação indicada a seguir
Classificação: 6 numa escala
de 10