Sinopse
“Três Cartazes à Beira da Estrada” é uma comédia
dramática do vencedor do Oscar Martin Mcdonagh com; “Em Bruges”. Depois de
meses sem ser encontrado o culpado no caso do homicídio da sua filha, Mildred
Haynes (vencedora de um Oscar Frances McDormand) faz uma jogada ousada ao
alugar três cartazes à entrada da cidade com uma mensagem polémica dirigida a
William Willoughby (nomeado para o Oscar Woody Harrelson), o respeitado chefe
de polícia da cidade. Mas quando o seu adjunto Dixon (Sam Rockwell), um menino
da mamã imaturo com uma inclinação para a violência, se envolve, a batalha
entre Mildred e a lei de Ebbing, descontrola-se.
Opinião
por Artur Neves
Temos de volta uma história
da América profunda que neste filme acentua o caráter rural e atávico de uma
comunidade fechada sobre si própria, envolvida mas em paz com os seus próprios
problemas desde que eles não agitem a pacatez social e a ordem estabelecida,
permitindo a cada um fazer e agir como melhor lhe aprouver e até manter uma
polícia local que cultiva o que de pior a América tem em preconceito racial, homofobismo,
laxismo e inépcia operacional.
A história é simples e
direta (como é apanágio dos vencedores) e o ambiente criado assemelha-se ao
oscarizado filme de 2007; “Este País não é para Velhos”, embora menos violento,
mais mordaz e cínico do ponto de vista da crítica social que a história aborda,
através de personagens fortes e bem caracterizados pelos atores acima mencionados
que criam a tensão perfeita nesta “comédia negra” já galardoada na 75ª edição
dos Globos de Ouro 2018 na categoria; Melhor Drama.
A utilização dos cartazes à
beira da estrada para denunciar a dor de uma mãe pela perda de uma filha, num
hediondo crime sexual ainda impune é o gatilho que afeta transversalmente toda
a sociedade da cidade de Ebbing no estado do Missouri, provocando as mais
díspares reações sociais, a favor e contra a denúncia, que põem a nu as contradições
das forças vivas mais representativas e estimáveis da cidade, tais como a lei e
a religião que se sentem atingidas na sua missão de ordem, a primeira, e de fé
conformista, a segunda, cuja agitação em curso não lhe é favorável à sua
progressão.
Como se tudo não bastasse,
nos “subterrâneos” da alma de cada um dos humanos envolvidos naquele drama
emergem todos os conflitos e compromissos latentes estabelecidos no passado que
agora emergem e se confrontam entre si, revelando as suas naturezas, os seus
pecados e a vergonha de os terem cometido em momentos de fraqueza e que
atualmente colidem frontalmente com a dor do momento.
Muito bem estruturado e
interpretado este filme vê-se, por vezes com um sorriso amargo, e noutras como
um murro no estomago, pelas palavras contidas nas cartas do chefe da polícia
William Willoughby antes do seu suicídio, tentando corrigir in extremis tudo o que de muito mau foi
cometido nesta história. A ver, recomendo vivamente.
Classificação: 8,5 numa
escala de 10
1 comentário:
Ansiosa para ver, até pela maravilhosa Frances McDormand.
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