Sinopse
Steven é um cardiologista
conceituado, casado com Anna, com quem tem dois filhos. Já algum tempo que ele
mantém contacto frequente com Martin, um adolescente cujo pai morreu na mesa de
operação, justamente quando estava a ser operado por Steven. A relação entre
ambos é de uma cumplicidade enorme que o médico decide apresentá-lo à família. Entretanto
o jovem sente que não está a receber a mesma dedicação e por isso, decide
elaborar um plano de vingança.
Opinião
por Artur Neves
Em 2009 Yorgos Lanthimos
torna-se notado no mundo cinematográfico com o filme “Canino” que mostrava uma
forma algo estranha de educar jovens, neste caso os jovens eram filhos do
próprio educador que apresentava tendências despóticas e autoritárias,
provocando nos filhos, revolta e o inerente desequilíbrio de personalidade. Mas
tudo bem a história continha também uma crítica implícita ao modo de educação apresentado
e o filme ficou como uma referência temática.
Em 2015 este realizador
Grego nascido em 1973 em Atenas apresentou-nos “A Lagosta” como sendo uma forma
inovadora de tratar os desequilíbrios mentais de pessoas em qualquer idade,
tendo o filme sido premiado em festivais, considerando alguma razoabilidade do
argumento que embora ficcional e fantasista, mostrava coerência na ação
desenrolada na história.
Agora em 2017 Yorgos
apresenta-nos esta história que pretende ser um filme sobre a culpa, pois um
médico faz amizade e tenta compensar o filho do homem que morreu às suas mãos
quando ele o operava debaixo do efeito do álcool. Esta relação é-nos
apresentada sob contornos dúbios pois mostra-nos um afeto de obrigação, sem carinho
explícito mas com um desvio “subliminar” para a perversão sexual velada e nunca
assumida por qualquer dos intervenientes, que sugere alguma perplexidade ao
espectador.
A mulher do médico Anna
(Nicole Kidman) vive com este, Steven (Colin Farrell), numa bela casa nos
arredores da cidade e ambos disfrutam de um ambiente social de classe média
alta em que a sua relação íntima é-nos apresentada distorcida, considerando que
na preparação para um contacto amoroso de índole sexual a mulher faz-se de
morta sendo nessa condição possuída pelo marido, indiciando mais fortemente uma
perturbação de personalidade já aflorado anteriormente na relação com o rapaz.
Este rapaz, por seu lado,
mostra descontentamento no nível de relação do médico com ele e roga-lhe uma
praga de morte a toda a família a menos que um dos elementos seja sacrificado
como compensação para a morte do seu pai, sem que se saiba qual é o poder que o
rapaz tem sobre ele, exceto a acusação de culpa pela morte do seu pai. A partir
daqui a punição (segundo a mitologia Grega) que dá o nome ao filme (em que
Ifigénia é sacrificada em benefício do cervo sagrado) vai cumprir-se e o sacrifício
do seu próprio filho é executado como compensação pela morte que ele infligiu
ao seu paciente durante a operação falhada por sua própria responsabilidade.
É pois este imbróglio que
Yorgos apresenta ao espectador com este filme, mas de uma forma algo “doutoral”,
ensimesmado pela representação que deu à imputação da “culpa”, incluindo uma
superioridade paternalista, através de personagens sem espessura que nunca
chegamos a conhecer ou sequer a fazer um juízo concreto das suas atitudes,
porque no cerne deste filme de Yorgos, ele está lá para nos dizer precisamente
tudo o que precisamos de saber, cabendo ao espectador apenas ver e ouvir sem quaisquer
outros comentários. Passou-se!...
Classificação: 4 numa escala
de 10
1 comentário:
Tinha grande expectativa no filme mas depois de ver, confesso que foi uma desilusão total :(
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