Sinopse
Após um trágico acidente de
avião, dois estranhos terão de se unir para sobreviver em condições extremas
numa remota montanha.
Quando percebem que a ajuda
não vai chegar, decidem embarcar numa viagem assustadora por centenas de quilómetros
de terra selvagem, encorajando-se mutuamente para aguentar e abrindo espaço
para uma atração inesperada. Realizado pelo nomeado Óscar da Academia Hanny
Abu-Assad e interprestado pela vencedora do Óscar da Academia Kate Winslet e o
vencedor do Globo de ouro Idris Elba.
Opinião
por Artur Neves
Hany Abu-Assad, realizador
Israelita nascido em 1961 deu-nos em 2005 “Paradise Now” que estabeleceu um
marco distintivo numa carreira que prometia maiores voos do que veio a
verificar-se posteriormente. O filme reporta-se à catequização dogmática dos
aspirantes a mártires pelo Islão, mostrando um exemplo, bem estruturado e
credível, do caminho de sofrimento por onde eles são conduzidos até carregarem
no botão fatídico que os faz explodir. Porém, depois desta obra e por motivos
que desconhecemos, Abu-Assad infletiu a trajetória e dedicou-se a temas bem
menos fraturantes, tais como “Omar” em 2011, “O Ídolo” em 2015 e em 2017 este “A
Montanha entre Nós”, na mesma toada romanesca dos anteriores, no género fácil,
com laivos de épico, que de original apenas tem o ambiente gelado onde o
romance se desenvolve.
Também não se percebe como
dois atores com créditos firmados, “contribuem para este peditório”, emprestando
o seu talento a uma historieta, barata, convencional, de moral tradicional e
com um epílogo digno de novela Mexicana, que apesar de não revelarmos deixamos
o aviso.
Á partida poder-se-á pensar que
se trata de uma aventura de abnegação e sobrevivência, num ambiente hostil e
selvagem em que a imensidão dos espaços filmados por Mandy Walker poderia
emprestar uma carga de temor e solidão naquela montanha branca e gelada, mas
nada disso acontece e corre tudo muito direitinho, incluindo a proverbial
curiosidade feminina que seria lógico ter preocupações diferentes, considerando
o risco de vida que enfrentavam, mas não, e quando as coisas têm de descambar
para o chinelo, descambam mesmo.
O terceiro personagem para
compor a história é um cão, de raça labrador, pertencente a Ben (Idris Elba)
que este leva no fatídico voo fretado, pilotado por Walter (Beau Bridges) e que
sofre um ataque cardíaco na viagem, provocando o desastre no pico de uma montanha
gelada e deixando ao seu destino Ben e Alex (Kate Winslet) que entre dor e medo
do ataque de animais selvagens, constroem uma relação conturbada, de apoio
mútuo mas também de divergência, justificado pelo espírito de sobrevivência e
pelo medo que a incapacidade de reagir contra os elementos confere.
É pois neste caldo de
natureza em forma pura que se desenvolve esta história, que depois de vários
eventos dolorosos mas pouco verosímeis, nos querem “vender” este enredo pouco
realista que se embrenha nos seus “rodriguinhos” de cordel, num filme que tinha
tudo para ser bem sucedido. Valem as interpretações dos atores, as paisagens
imensas e uma fotografia competente e estimulante que se desfruta no conforto
do cinema, indo para eles a classificação indicada.
Classificação: 5 numa escala
de 10
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