26 de novembro de 2017

Opinião – “A Montanha entre Nós” de Hany Abu-Assad

Sinopse

Após um trágico acidente de avião, dois estranhos terão de se unir para sobreviver em condições extremas numa remota montanha.
Quando percebem que a ajuda não vai chegar, decidem embarcar numa viagem assustadora por centenas de quilómetros de terra selvagem, encorajando-se mutuamente para aguentar e abrindo espaço para uma atração inesperada. Realizado pelo nomeado Óscar da Academia Hanny Abu-Assad e interprestado pela vencedora do Óscar da Academia Kate Winslet e o vencedor do Globo de ouro Idris Elba.

Opinião por Artur Neves

Hany Abu-Assad, realizador Israelita nascido em 1961 deu-nos em 2005 “Paradise Now” que estabeleceu um marco distintivo numa carreira que prometia maiores voos do que veio a verificar-se posteriormente. O filme reporta-se à catequização dogmática dos aspirantes a mártires pelo Islão, mostrando um exemplo, bem estruturado e credível, do caminho de sofrimento por onde eles são conduzidos até carregarem no botão fatídico que os faz explodir. Porém, depois desta obra e por motivos que desconhecemos, Abu-Assad infletiu a trajetória e dedicou-se a temas bem menos fraturantes, tais como “Omar” em 2011, “O Ídolo” em 2015 e em 2017 este “A Montanha entre Nós”, na mesma toada romanesca dos anteriores, no género fácil, com laivos de épico, que de original apenas tem o ambiente gelado onde o romance se desenvolve.
Também não se percebe como dois atores com créditos firmados, “contribuem para este peditório”, emprestando o seu talento a uma historieta, barata, convencional, de moral tradicional e com um epílogo digno de novela Mexicana, que apesar de não revelarmos deixamos o aviso.
Á partida poder-se-á pensar que se trata de uma aventura de abnegação e sobrevivência, num ambiente hostil e selvagem em que a imensidão dos espaços filmados por Mandy Walker poderia emprestar uma carga de temor e solidão naquela montanha branca e gelada, mas nada disso acontece e corre tudo muito direitinho, incluindo a proverbial curiosidade feminina que seria lógico ter preocupações diferentes, considerando o risco de vida que enfrentavam, mas não, e quando as coisas têm de descambar para o chinelo, descambam mesmo.
O terceiro personagem para compor a história é um cão, de raça labrador, pertencente a Ben (Idris Elba) que este leva no fatídico voo fretado, pilotado por Walter (Beau Bridges) e que sofre um ataque cardíaco na viagem, provocando o desastre no pico de uma montanha gelada e deixando ao seu destino Ben e Alex (Kate Winslet) que entre dor e medo do ataque de animais selvagens, constroem uma relação conturbada, de apoio mútuo mas também de divergência, justificado pelo espírito de sobrevivência e pelo medo que a incapacidade de reagir contra os elementos confere.
É pois neste caldo de natureza em forma pura que se desenvolve esta história, que depois de vários eventos dolorosos mas pouco verosímeis, nos querem “vender” este enredo pouco realista que se embrenha nos seus “rodriguinhos” de cordel, num filme que tinha tudo para ser bem sucedido. Valem as interpretações dos atores, as paisagens imensas e uma fotografia competente e estimulante que se desfruta no conforto do cinema, indo para eles a classificação indicada.

Classificação: 5 numa escala de 10

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