Sinopse
Brad (Ben Stiller) tem um
emprego satisfatório e uma vida confortável nos subúrbios onde mora com a sua
esposa Melanie (Jenna Fisher) e o seu filho Troy (Austin Abrams). No entanto
esta está longe de ter a vida com que sonhou nos tempos gloriosos da Faculdade.
Quando viaja para Boston com o seu filho para uma tour pelas faculdades locais, Brad não consegue deixar de
comparar-se aos amigos desses tempos e apercebe-se o quanto a vida fugiu às
suas expetativas. Mas quando as circunstâncias o levam a reencontrar os amigos,
começa a questionar-se sobre se de facto falhou ou não e se nos pontos essenciais
as vidas dos seus amigos não serão mais imperfeitas que a sua.
Opinião
por Artur Neves
Ben Stiller, que nos
acostumou a personagens estereotipadas em comédias extravagantes, cada uma mais
louca do que a anterior, apresenta-nos agora este “Brad” em tempo de reflexão pessoal
sobre a vida vivida e a que falta viver, questionando-se sobre o seu valor e
sobre os sucessos obtidos na sua atividade profissional, bem como, da utilidade
e significância dessa mesma atividade para os outros e para o mundo que o cerca.
Essa reflexão, decorre
durante todo o filme, em off, condicionando
o seu comportamento no presente, na viajem que faz com o seu filho para escolha
da universidade onde se irá formar. Brad analisa a sua situação, comparando-a
com o que ele sabe, ou julga que sabe, do destino dos seus amigos de faculdade,
enaltecendo os sucessos que conhece aos outros e comparando-os com a rotina e insignificância
dos seus dias, da sua atividade e da sua família, que ele presa, sem dúvida,
mas que que não o considera como o herói que ele queria ser considerado,
projetou ser, e reconhece não ter conseguido.
Esta dicotomia, fá-lo sofrer
e agir em função do estado de alma do momento que é normalmente depressivo,
vencido, derrotado por ele próprio e pela autocomiseração de não ter atingido
os objetivos que julga ver conseguidos nos outros.
Mike White, nascido em 1970
na Califórnia dirige este argumento de sua autoria, centrando as dúvidas e
questões que todos temos acerca de nós próprios, na personagem deste Brad que
oscila entre a euforia da imaginação do que gostaria de ter sido e conseguido e
a depressão frequentemente apática, da sensação de insucesso e menor valia da
sua vida. Normalmente somos muito severos connosco próprios, até porque, os
dados com que equacionamos a nossa existência não têm o rigor, a gravidade ou a
importância que lhes atribuímos, particularmente quando resultam de uma
comparação avulsa e difusa com os outros. Nem sempre as coisas são o que
parecem, tal como as julgamos.
Parece-me todavia que Mark
White também fica aquém dos objetivos pretendidos com esta reflexão intimista de
uma existência de classe média, quando, após tanto debate e tantas realidades
serem apontadas não nos apresenta uma possível saída para tanta angústia. Este filme
está erradamente classificado como comédia, de acordo com a minha
interpretação.
Classificação: 6 numa escala
de 10
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