30 de outubro de 2017

Opinião – “A Vida de Brad” de Mike White

Sinopse

Brad (Ben Stiller) tem um emprego satisfatório e uma vida confortável nos subúrbios onde mora com a sua esposa Melanie (Jenna Fisher) e o seu filho Troy (Austin Abrams). No entanto esta está longe de ter a vida com que sonhou nos tempos gloriosos da Faculdade. Quando viaja para Boston com o seu filho para uma tour pelas faculdades locais, Brad não consegue deixar de comparar-se aos amigos desses tempos e apercebe-se o quanto a vida fugiu às suas expetativas. Mas quando as circunstâncias o levam a reencontrar os amigos, começa a questionar-se sobre se de facto falhou ou não e se nos pontos essenciais as vidas dos seus amigos não serão mais imperfeitas que a sua.

Opinião por Artur Neves

Ben Stiller, que nos acostumou a personagens estereotipadas em comédias extravagantes, cada uma mais louca do que a anterior, apresenta-nos agora este “Brad” em tempo de reflexão pessoal sobre a vida vivida e a que falta viver, questionando-se sobre o seu valor e sobre os sucessos obtidos na sua atividade profissional, bem como, da utilidade e significância dessa mesma atividade para os outros e para o mundo que o cerca.
Essa reflexão, decorre durante todo o filme, em off, condicionando o seu comportamento no presente, na viajem que faz com o seu filho para escolha da universidade onde se irá formar. Brad analisa a sua situação, comparando-a com o que ele sabe, ou julga que sabe, do destino dos seus amigos de faculdade, enaltecendo os sucessos que conhece aos outros e comparando-os com a rotina e insignificância dos seus dias, da sua atividade e da sua família, que ele presa, sem dúvida, mas que que não o considera como o herói que ele queria ser considerado, projetou ser, e reconhece não ter conseguido.
Esta dicotomia, fá-lo sofrer e agir em função do estado de alma do momento que é normalmente depressivo, vencido, derrotado por ele próprio e pela autocomiseração de não ter atingido os objetivos que julga ver conseguidos nos outros.
Mike White, nascido em 1970 na Califórnia dirige este argumento de sua autoria, centrando as dúvidas e questões que todos temos acerca de nós próprios, na personagem deste Brad que oscila entre a euforia da imaginação do que gostaria de ter sido e conseguido e a depressão frequentemente apática, da sensação de insucesso e menor valia da sua vida. Normalmente somos muito severos connosco próprios, até porque, os dados com que equacionamos a nossa existência não têm o rigor, a gravidade ou a importância que lhes atribuímos, particularmente quando resultam de uma comparação avulsa e difusa com os outros. Nem sempre as coisas são o que parecem, tal como as julgamos.
Parece-me todavia que Mark White também fica aquém dos objetivos pretendidos com esta reflexão intimista de uma existência de classe média, quando, após tanto debate e tantas realidades serem apontadas não nos apresenta uma possível saída para tanta angústia. Este filme está erradamente classificado como comédia, de acordo com a minha interpretação.

Classificação: 6 numa escala de 10

Sem comentários: