Sinopse
Vincente Machot conhece a
sua vida de cor. A sua rotina divide-se entre o salão de cabeleireiro, o seu
primo, o seu gato e a sua mãe demasiado intrusiva. Mas a vida reserva por vezes
algumas surpresas, mesmo aos que vivem de forma mais prudente. Cruza-se por
acaso com Rosalie Blum, uma mulher misteriosa e solitária, convencido de já a
ter conhecido antes. Mas onde? Intrigado decide segui-la para todo o lado, na
esperança de a conhecer melhor. Não tem dúvidas que esta incursão vai levá-lo a
embarcar numa aventura cheia de imprevistos, onde descobrirá personagens tão
extraordinárias como comoventes. Uma coisa porém é certa; a vida de Vincente
Machot vai mudar…
Opinião
por Artur Neves
Esta é uma história de
solidão, de ensimesmento de sentimentos quando a realidade se nos afigura
difícil e quando por nenhum motivo ou condicionamento mental não ousamos sair
da nossa zona de conforto, não dizemos que existimos e mostramos a nós próprios
e aos outros que estamos preparados para as normais vicissitudes da vida, sem
receio de falhar.
Vincente Machot (Kyan
Khojandi) é um homem metódico para quem os dias são isentos de surpresa e as horas
antecipadamente previstas cumprem-se com a regularidade do movimento da terra. É
essa previsibilidade que lhe permite reconhecer-se nos atos e nas ações que diariamente
se incumbiu de cumprir e seguir um percurso sem sobressaltos. Condicionado por
uma mãe austera, crítica, interesseira e castradora que evidenciando uma
suposta dependência e necessidade de apoio próximo e frequente, transforma vida
de Vincente no marasmo insipiente que a história nos mostra, todavia, no seu
íntimo a natureza agita-se, os pensamentos fermentam e os sonhos lembram-no da
outra realidade que ele não tem coragem para enfrentar.
Como sempre, é a vida que
nos acorda e com ele também assim aconteceu na figura de Rosalie Blum (Noémie
Lvovsky) uma mulher de sorriso perene numa cara doce, sem ser bela, mas que se
torna agradável no desempenho desta personagem enigmática que Vincente julga conhecer,
embora sem saber de onde nem quando. Esta “memória” porém, é suficiente para
perturbar o equilíbrio da sua pacata vida, da sua rotina, fazendo-o agir de
forma tendencialmente anónima, cozido com as sombras da cidade, julgando-se
invisível na busca que acendeu os seus embotados sentidos.
Segue-se posteriormente uma
história de enredo pueril, ao nível da personalidade de Vincente, mas que nos
prende, quanto mais não seja pela curiosidade de se saber como tudo aquilo irá acabar.
Porem o realizador; Jullien Rappeneau, autor de “36” de 2004 e de outros filmes
menos conhecidos não nos desaponta com as diatribes por que faz passar Vincente
e a sua perseguida, justificando e clarificando todas as perguntas que
implantou no nosso espírito nesta comédia romântica com tons dramáticos, que se
vê com agrado pela estruturação de uma história improvável com personagens
ímpares.
Classificação: 6 numa escala
de 10
Sem comentários:
Enviar um comentário