Sinopse
Depois de quinze anos de
vida em comum, Marie e Boris separam-se. Foi ela que comprou a casa na qual
eles vivem com os seus dois filhos, mas foi ele que a remodelou completamente.
Obrigados a coabitar temporariamente devido aos parcos meios de Boris, na hora
do acerto de contas, nenhum dos dois quer deixar aquilo que julga ser seu por
direito.
Opinião
por Artur Neves
Não conhecemos Marie (Bérénice
Bejo) nem Boris (Cédric Kahn), nem como chegaram ali, encontramo-los em plena
crise matrimonial, na fase de saturação pela simples presença do outro, tendo
previamente assumido a sua incompatibilidade mútua e decidido a separação de
facto para que cada um possa, ou melhor, deva seguir o seu caminho, só que as
contas ainda não estão feitas e nessa fase, para aquelas pessoas que nunca
vimos anteriormente, não se trata somente de contabilidade doméstica de deve e
haver.
Digo que não conhecemos
Marie nem Boris porque nada na história nos elucida como chegaram aquela
situação depois de 15 anos de matrimónio e de dois filhos, que devido à sua
pouca idade oscilam e vacilam entre a preferência por um ou por outro, o que
torna mais constrangedor o nosso olhar e o convite à nossa consideração sobre
uma disputa que nos é apresentada sem qualquer informação do passado daquela
relação, que no intervalo que nos é mostrado está recheada de questionamento
mútuo.
Pelo desenrolar das
constantes discussões, propostas mutuamente recusadas, acusações veladas e
diretas, e simulacros de paixão algo incompreensíveis, vamos inferindo um
percurso que não deve ter sido pacífico nem recomendável, mas nada nos leva a
optar por qualquer das partes pelo que a aritmética de divisão de bens que
pretendem concluir nos passa um pouco ao lado. Para complicar, a mãe de Marie; Babou
(Marthe Keller) presumidamente conhecedora de toda a história, defende mais o
genro do que a filha, que a destrata na sequência dos seus conselhos e para ali
ficamos a olhar para a história sem qualquer opinião que se forme no nosso
espírito.
O título Inglês para este
filme belga é, “After Love” e para mim está mais adequado do que o nome
original que lhe foi dado, considerando que perante os eventos dramáticos que
nos são apresentados a aritmética dos bens tem um caracter absolutamente
secundário em toda esta história realçando apenas o comportamento mesquinho de
ambos os contendores.
Apesar de viverem um drama,
ambos os personagens não apresentam estatura, nem densidade emocional que nos
convença, construindo apenas um esboço dos destroços humanos que pretendem representar
e que o guião do filme lhes permite. No final, perante um juiz, alcançam a
desejada separação e vão cada um para seu lado e nós metemos a “viola no saco”
e vamos para casa, algo encabulados por termos papado aquilo.
Classificação: 4 numa escala
de 10
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