6 de setembro de 2017

Opinião – (MOTEL/X) – “Super Dark Times” de Kevin Philips


Sinopse

Início da década de 90, num subúrbio dos USA, Zach e Josh, estudantes de liceu são os melhores amigos há muito tempo. Os dois partilham vários interesses incluindo a atração pela mesma colega Allison. No decorrer do que parecia ser um dia normal com os amigos, um trágico e sangrento acidente irá criar uma clivagem entre os anteriormente inseparáveis adolescentes.

Opinião por Artur Neves

Esta á a primeira longa-metragem deste realizador americano, autor de diversas curtas-metragens premiadas em diversos festivais na Europa e que com esta história entra no grande cinema dramático com uma realização auspiciosa para futuros empreendimentos que será justo esperar.
Aos amigos mencionados na sinopse, juntam-se mais dois, sendo sobre um deles que cai a tragédia perpetrada por Josh, num acidente dramaticamente infeliz, e que vai marcar para a vida todos os intervenientes, agora inevitavelmente cúmplices, bem como todos os que os cercam e que com eles partilham a vida quotidiana.
Uma determinada ação não afeta igualmente todos os que nela intervêm, mas sim de acordo com as suas sensibilidades, medos, e características pessoais. É pois da análise dessas diferenças que trata esta história, passada em ambiente urbano do interior dos USA, onde as convenções sociais, aliadas às vicissitudes de crescimento e aos seus naturais excessos de contestação e de sede de novas experiencias inerentes ao crescimento e à formação da personalidade, geram conflitos e desequilíbrios internos difíceis de gerir.
Para uns basta a assunção da culpa, para outros a pura negação do ocorrido e para outros mais sensíveis e responsáveis não podem viver com o remorso e tentam pelo menos, compreender as razões da culpa e as suas consequências, pelo que precisam comunicar.
O filme é totalmente realizado por atores estreantes, jovens, mas profundamente empenhados nos seus personagens transmitindo-lhes a densidade das suas preocupações, ou da sua ausência o que cria uma atmosfera, de relações controversas, dúbias, vistas com preocupação pelos adultos que os cercam, mas muito mais dolorosas para eles próprios e para as relações que despontam. Toda a linguagem utilizada é fortemente impregnada por uma sexualidade em evolução própria da época.
A história desenrola-se criando um ambiente de preocupação crescente que nos convence e arrasta. O realizador usa metáforas e sonhos para nos exprimir os pensamentos secretos dos personagens. A representação está bem defendida pelos atores escolhidos e pelas suas ações que nos transmitem as suas fraquezas e desesperos. Todo o filme está bem urdido e constitui um espetáculo agradável embora tenso e cheio de inquietação.

Classificação: 6,5 numa escala de 10

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