10 de setembro de 2017

Opinião – (MOTEL/X) – “M.F.A.” de Natália Leite


Sinopse

Noelle, uma estudante de arte à procura da sua vez, é violada por um colega de turma. Na tentativa de lidar com este trauma, confronta impulsivamente o seu atacante numa altercação violenta que acaba por provocar a morte acidental deste. Noelle tenta regressar à normalidade, mas quando descobre que é apenas uma entre muitas sobreviventes de ataques sexuais no campus, decide fazer justiça pelas próprias mãos.

Opinião por Artur Neves

Natália Leite é natural de S. Paulo, Brasil, mas vive e trabalha nos USA, apresenta-nos aqui o seu primeiro thriller, sendo a sua carreira preenchida até aqui com filmes mais pacatos de género romântico e comédia. Neste filme conta com Francesca Eastwood (filha de peixe sabe nadar) no papel de “Noelle”, uma justiceira por conta própria na sequência de um ataque sexual em que foi violada no campus universitário onde estuda.
O filme aborda o problema da violação sofrida em segredo, em que a violada prefere o silêncio e o esquecimento do nefasto evento, em vez da denúncia e da acusação do perpetrador, com receio da exclusão social que isso acarreta como resultado da investigação necessária para a constituição de prova, em muitas vezes difícil de obter não só pelas dificuldades forenses inerentes, como também pela suspeita do comportamento da violada e do maior ou menor prazer que retirou do ato que agora vem denunciar o que lhe retira credibilidade social sendo duplamente punida por um ato que não contribuiu de livre e espontânea vontade.
A história contém muito de experiencia própria da realizadora enquanto estudante e está contada de modo linear, previsível e escorreito assumindo-se como um libelo contra os comportamentos de fuga incentivando-os a revelarem-se, e contra as associações mais ou menos piedosas de mulheres violadas, cuja ação dentro da ordem social vigente, conduz mais á continuação do status quo do que á sua denúncia e revogação.
Por outro lado advoga e exibe a vingança por conta-própria, à margem da lei, o que também não se apresenta como deontologicamente recomendável, muito embora no final a justiça seja reposta, mas socialmente tudo continue na mesma conferindo oportunidade a que o problema retratado neste filme se repita.
Noelle (Francesca Eastwood) está bem no papel, considerando que todo o filme gira em torno dela. Esta mesma história com uma montagem mais arrojada, não tão cronologicamente seguida, poderia conter outros elementos de interesse e expetativa para o espetador. Penso que seja uma realizadora com potencial de quem poderemos esperar boas obras no futuro.

Classificação: 6 numa escala de 10

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