Sinopse
Noelle, uma estudante de
arte à procura da sua vez, é violada por um colega de turma. Na tentativa de
lidar com este trauma, confronta impulsivamente o seu atacante numa altercação
violenta que acaba por provocar a morte acidental deste. Noelle tenta regressar
à normalidade, mas quando descobre que é apenas uma entre muitas sobreviventes
de ataques sexuais no campus, decide
fazer justiça pelas próprias mãos.
Opinião
por Artur Neves
Natália Leite é natural de
S. Paulo, Brasil, mas vive e trabalha nos USA, apresenta-nos aqui o seu
primeiro thriller, sendo a sua carreira preenchida até aqui com filmes mais
pacatos de género romântico e comédia. Neste filme conta com Francesca Eastwood
(filha de peixe sabe nadar) no papel de “Noelle”, uma justiceira por conta
própria na sequência de um ataque sexual em que foi violada no campus universitário onde estuda.
O filme aborda o problema da
violação sofrida em segredo, em que a violada prefere o silêncio e o
esquecimento do nefasto evento, em vez da denúncia e da acusação do perpetrador,
com receio da exclusão social que isso acarreta como resultado da investigação
necessária para a constituição de prova, em muitas vezes difícil de obter não
só pelas dificuldades forenses inerentes, como também pela suspeita do
comportamento da violada e do maior ou menor prazer que retirou do ato que
agora vem denunciar o que lhe retira credibilidade social sendo duplamente
punida por um ato que não contribuiu de livre e espontânea vontade.
A história contém muito de
experiencia própria da realizadora enquanto estudante e está contada de modo
linear, previsível e escorreito assumindo-se como um libelo contra os
comportamentos de fuga incentivando-os a revelarem-se, e contra as associações
mais ou menos piedosas de mulheres violadas, cuja ação dentro da ordem social
vigente, conduz mais á continuação do status
quo do que á sua denúncia e revogação.
Por outro lado advoga e
exibe a vingança por conta-própria, à margem da lei, o que também não se
apresenta como deontologicamente recomendável, muito embora no final a justiça
seja reposta, mas socialmente tudo continue na mesma conferindo oportunidade a
que o problema retratado neste filme se repita.
Noelle (Francesca Eastwood)
está bem no papel, considerando que todo o filme gira em torno dela. Esta mesma
história com uma montagem mais arrojada, não tão cronologicamente seguida,
poderia conter outros elementos de interesse e expetativa para o espetador.
Penso que seja uma realizadora com potencial de quem poderemos esperar boas
obras no futuro.
Classificação: 6 numa escala
de 10
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