Sinopse
Em linha mortal, cinco
estudantes de medicina, obcecados com o mistério que rodeia os limites da vida,
embarcam numa perigosa e ousada experiencia: parar o coração durantes pequenos
períodos de tempo, cada um dos quais despoletam uma experiencia de quase-morte,
dando-lhe em primeira mão, um registo pós-vida… Á medida que as experiencias se
tornam mais e mais perigosas, eles começam a ser assombrados pelos pecados do
seu passado, trazidos pelas consequências sobrenaturais de atravessar para o
outro lado…
Opinião
por Artur Neves
O que este filme nos
apresenta é uma tentativa de inovação para a história tradicional das
experiencias de quase-morte, provocando os “espíritos malignos” dos universos
desconhecidos de além-túmulo levando-os a perseguir os vivos que se atrevem a
tentar descortinar os seus desígnios. Aqui nada disso acontece, porque as
pessoas são esclarecidas, estudantes de medicina que querem evoluir na
profissão, promovendo experiencias de cariz científica, muito embora um deles
tenha sido impulsionados pelos seus fantasmas.
Na experiencia, eles
suportam até ao limite a possibilidade do cérebro funcionar sem irrigação
sanguínea e com isso entram na desejada condição de quase-morte em que regridem
nas memórias mais significativas da sua existência confrontando-se com as suas
angustias, medos e remorsos de atos anteriormente praticados (e aqui reside a
inovação deste argumento) conseguindo como que um reset cerebral a tudo o que acumularam a mais até então, estando
agora prontos para recomeçar as suas vidas no ponto em que as deixaram, mas de
um “modo mais limpo”.
O problema é que ao
retomarem as suas vidas trazem consigo a memória mais viva dos males que de
alguma forma tinham esquecido ou equilibrado na consciência, que actualmente os
passa a perturbar no dia-a-dia, em casa, no trabalho, nos relacionamentos
tornando a sua vida um inferno e um perigo.
E aqui está a virtualidade
desta história, nada de assombrações do além, o que eles vêm, o que os
persegue, é o que a sua memória reacendeu dos eventos mais marcantes e
dolorosos do passado das suas vidas que agora os perseguem e dos quais eles
procuram a redenção pelo arrependimento. A solução está portanto, no
reconhecimento dos erros, no pedido sincero de perdão aos ofendidos e mais
fundamental ainda, na aceitação daquilo que foram no tempo em que erraram, para
que se possam perdoar a eles próprios como atenuante para o remorso que os
persegue.
O realizador apresenta-nos
assim uma forma inovadora de combater os nossos fantasmas, num filme bem
estruturado, com acção, romance que não é cor-de-rosa, amizade,
profissionalismo, num tema que não é fácil de abordar e que o cinema nos encheu
de exemplos mais ou menos transcendentais, uns mais melífluos do que outros,
mas todos povoados e alimentados pelo nosso próprio medo do desconhecido. Filme
curioso que constitui um bom espectáculo que recomendo.
Classificação: 7 numa escala
de 10
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