6 de junho de 2017

Opinião – “A Missão” de Walter Hill


Sinopse

Depois de acordar e descobrir que foi submetido a uma cirurgia de mudança de sexo, um assassino procura encontrar o médico responsável.

Opinião por Artur Neves

Mais uma vez em Portugal a denominação dos filmes que nos chegam de fora reportam-se a aspetos mal identificados com o contexto da história que nos é contada. No caso presente a situação é particularmente complicada considerando que na origem esta película já foi nomeada como sendo; “The Assignment” na versão Americana e “Revenge”, na Europa sendo na nossa opinião o ultimo título o que melhor lhe assenta, e o pior a denominação Portuguesa, que o remete para um desígnio que dificilmente se descortina nesta história.
Walter Hill realizador e produtor americano, tem créditos firmados no meio e experiencia reconhecida nesta área,
“atraente” em algumas cenas.
O transformismo a que “John Kitchen” é submetido é-nos contado e justificado por uma médica interpretada por Sigourney Weaver, madura, segura de si e que constitui outra boa escolha para contracenar como o nosso “herói” desenvolvendo as considerando toda a série “Alien” e outros filmes de reconhecida qualidade, do ponto de vista de bilheteira e de entretenimento para uma larga faixa de público que tem no cinema um meio de distração e de cultura, pelo que que para já pode concluir-se que estaremos bem servidos.
No caso presente, cuja sinopse resume a história de uma forma bastante redutora, a ação, desenvolve-se ao estilo de “Sin City”, com separadores em banda desenhada, (em fotogramas sem animação) apresenta uma boa fotografia onde se destaca o desempenho de Michelle Rodriguez no papel de “John Kitchen” tanto na versão masculina, como na versão feminina do personagem, constituindo uma boa escolha para ambas as situações, considerando ser uma mulher com características pouco femininas, mas que o tempo tem conseguido amenizar desde os primeiros filmes em que entrou, tornando-se até razões que a levaram a praticar a operação efetuada (demasiado bem executada para a época em que vivemos, mas estamos num filme) abordando os constrangimentos psicológicos e os motivos porque foram infligidos nesta pessoa que agora sofre a dicotomia do “ser” homem em corpo de mulher.
“John Kitchen” evidencia em todos os seus atos esse desconforto, esse trauma que lhe foi infligido aparentemente sem razão e que ele procura por todos os meios descobrir através da descida aos infernos do meio onde habita, descobrindo que foi atraiçoado por alguém em quem instintivamente confiou e se afeiçoou, sofrendo assim duplamente a sua condição e alimentando um inaudito e imparável desejo de vingança, como único sentido para a sua vida agora estéril e sem retorno nem esperança.
Esta história propiciava uma reflexão sobre a duplicidade do género humano e em parte, fugazmente, ela é abordada mas Walter Hill quer é mostrar-nos, sangue, morte, tiros, toda a ação que provoque sobressalto no espetador, como se o problema humano ali tão bem criado pertencesse ao domínio de outro filme ainda não realizado… opções, no cômputo geral todavia este é um filme aceitável.

Classificação: 5 numa escala de 10

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