Sinopse
Baseado no famoso livro "Denial: Holocaust
History on Trial", Negação dá-nos conta da batalha judicial que Deborah E.
Lipstadt (Rachel Weisz, vencedora de um Óscar) travou em tribunal contra David
Irving (Timothy Spall, nomeado para um BAFTA) em defesa da verdade histórica.
David Irving processara-a por difamação na sequência de ela lhe ter chamado
negacionista do Holocausto. No sistema judicial inglês, em casos de difamação,
o ónus da prova recai sobre o réu, e coube portanto a Deborah Lipstadt e à sua
equipa de advogados liderada por Richard Rampton (Tom Wilkinson, nomeado para
um Óscar) provar que o Holocausto ocorreu.
Opinião
por Artur Neves
Esta história começa em 1994
quando David Irving, historiador britânico defende a tese de que Hitler não
terá sido o autor do genocídio de milhares de judeus durante a segunda guerra mundial,
negando mesmo a ocorrência do Holocausto, durante uma palestra de lançamento do
livro de Deborah E. Lipstadt que aborda precisamente o tema do extermínio do
povo judeu durante o conflito. David, depois de provocar um verdadeiro circo
durante a palestra desafia a escritora a apresentar-lhe provas documentais irrefutáveis
dos factos relatados no livro, acusando-a de difamação da sua pessoa e da sua
obra.
Lipstadt vê-se assim
envolvida numa disputa judicial, que através da divulgação mediática que este
ato teve, tornou-se num libelo jurídico que acaba por constituir um julgamento
público à própria aceitação da existência do Holocausto e dos seus contornos mais
devastadores.
Trata-se portanto de um filme
de julgamento para o qual Mick Jackson (realizador Inglês, nascido em 1943, e também
autor do filme “The Bodyguard” 1992) escolhe um conjunto de atores de
primeiríssima água, oriundos do teatro, e tal como era esperado apresentam um
desempenho perfeito dos personagens envolvidos na história.
Só que… esta é uma história
mais para ser lida e analisada ao pormenor de todos os argumentos evidenciados
na disputa e onde o seu visionamento não acrescenta grande mais valia para a
sua compreensão ou desenvolvimento. Para nós, que vemos o filme na sua versão
inglesa com legendas, significa um contínuo trabalho de leitura, interessante
do ponto de vista formal, mas que nos faz perder a pouca ação que a história
apresenta e principalmente o desempenho dos atores e das suas personagens, que
de acordo com o regime judicial Britânico implica que seja a acusada (Lipstadt)
a provar que o Holocausto ocorreu mesmo.
Este facto provoca
diferenças de entendimento na equipa de advogados que geram conflitos que a
leitura das legendas não reporta. Por outro lado, as alegações são de tal modo
subtis que conferem a toda a cena expectativa (sobre a resposta do oponente) em
vez de ação.
Não pode dizer-se todavia
que não seja um bom argumento, ou que não reflita com justeza o que se terá
passado no julgamento, ou até o horror que se viveu naqueles tempos, na minha
opinião a linguagem cinematográfica é que não será a mais adequada por nos
transmitir uma certa indefinição e aleatoriedade no desempenho dos personagens.
Todavia, durante o visionamento, não considerei que fosse tempo perdido.
Classificação: 5 numa escala
de 10
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