6 de abril de 2017

Opinião – “Negação” de Mick Jackson


Sinopse

Baseado no famoso livro "Denial: Holocaust History on Trial", Negação dá-nos conta da batalha judicial que Deborah E. Lipstadt (Rachel Weisz, vencedora de um Óscar) travou em tribunal contra David Irving (Timothy Spall, nomeado para um BAFTA) em defesa da verdade histórica. David Irving processara-a por difamação na sequência de ela lhe ter chamado negacionista do Holocausto. No sistema judicial inglês, em casos de difamação, o ónus da prova recai sobre o réu, e coube portanto a Deborah Lipstadt e à sua equipa de advogados liderada por Richard Rampton (Tom Wilkinson, nomeado para um Óscar) provar que o Holocausto ocorreu.

Opinião por Artur Neves

Esta história começa em 1994 quando David Irving, historiador britânico defende a tese de que Hitler não terá sido o autor do genocídio de milhares de judeus durante a segunda guerra mundial, negando mesmo a ocorrência do Holocausto, durante uma palestra de lançamento do livro de Deborah E. Lipstadt que aborda precisamente o tema do extermínio do povo judeu durante o conflito. David, depois de provocar um verdadeiro circo durante a palestra desafia a escritora a apresentar-lhe provas documentais irrefutáveis dos factos relatados no livro, acusando-a de difamação da sua pessoa e da sua obra.
Lipstadt vê-se assim envolvida numa disputa judicial, que através da divulgação mediática que este ato teve, tornou-se num libelo jurídico que acaba por constituir um julgamento público à própria aceitação da existência do Holocausto e dos seus contornos mais devastadores.
Trata-se portanto de um filme de julgamento para o qual Mick Jackson (realizador Inglês, nascido em 1943, e também autor do filme “The Bodyguard” 1992) escolhe um conjunto de atores de primeiríssima água, oriundos do teatro, e tal como era esperado apresentam um desempenho perfeito dos personagens envolvidos na história.
Só que… esta é uma história mais para ser lida e analisada ao pormenor de todos os argumentos evidenciados na disputa e onde o seu visionamento não acrescenta grande mais valia para a sua compreensão ou desenvolvimento. Para nós, que vemos o filme na sua versão inglesa com legendas, significa um contínuo trabalho de leitura, interessante do ponto de vista formal, mas que nos faz perder a pouca ação que a história apresenta e principalmente o desempenho dos atores e das suas personagens, que de acordo com o regime judicial Britânico implica que seja a acusada (Lipstadt) a provar que o Holocausto ocorreu mesmo.
Este facto provoca diferenças de entendimento na equipa de advogados que geram conflitos que a leitura das legendas não reporta. Por outro lado, as alegações são de tal modo subtis que conferem a toda a cena expectativa (sobre a resposta do oponente) em vez de ação.
Não pode dizer-se todavia que não seja um bom argumento, ou que não reflita com justeza o que se terá passado no julgamento, ou até o horror que se viveu naqueles tempos, na minha opinião a linguagem cinematográfica é que não será a mais adequada por nos transmitir uma certa indefinição e aleatoriedade no desempenho dos personagens. Todavia, durante o visionamento, não considerei que fosse tempo perdido.

Classificação: 5 numa escala de 10

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