Sinopse
Nos últimos trinta anos, Dr. Jean-Pierre Werner tem
trabalhado como médico generalista em várias aldeias de província, distantes de
qualquer unidade hospitalar. Quando descobre que sofre de uma grave doença,
Werner não tem outra escolha senão encontrar um substituto, apesar de se
considerar - e de os seus pacientes o considerarem - insubstituível.
Opinião por
Artur Neves
“Médico de Província” apresenta-nos uma história
passada em França, fora de qualquer cidade, em pleno ambiente rural, onde um
médico cuida dos seus doentes visitando-os regularmente, não só por causa de problemas
de saúde mas também como elo de ligação entre a terra que habitam, usufruem, e
um conceito civilizacional muito afastado daquela realidade. As suas visitas
servem também para a resolução dos mais variados problemas do quotidiano que os
afligem e que se sentem incapazes de resolver.
Neste contexto, a falta deste “João Semana” mais se
fará sentir quando ele descobre que tem um tumor cerebral que lhe causa
perturbações de visão, de estabilidade, de olfato e lhe dificulta o cumprimento
da missão que se impôs. As coisas ainda se complicam mais quando a autoridade
de saúde que o supervisiona lhe envia uma médica para o auxiliar e aliviar de
tarefas onde tem sentido dificuldades.
De princípio a sua reação é negativa, pois não aceita
intromissão nos seus hábitos e prepara-lhe “praxes de caloiro” enviando-a para
os seus doentes mais problemáticos ao que ela responde com um profissionalismo
e abnegação extremos motivando a sua admiração silenciosa e secreta, enquanto o
tumor segue o seu caminho, não obstante o continuado tratamento a que
periodicamente se sujeita.
Temos pois um filme rural, com piadas de ocasião,
eventos do quotidiano normal, segredos e silêncios, simpatias que nascem, aborrecimentos
passageiros, conduzindo-nos ao longo dos dias que não diferem
significativamente entre si e nos fazem perguntar na sala escura; para onde é
que isto irá?...
Os sentimentos demonstrados por todos os personagens são
ligeiros, comuns, não arrebatam ninguém, o ambiente rural que se nos apresenta
é banal, quotidiano, rotineiro nas atenções prestadas aos doentes, o clima
entre os dois personagens principais é sempre cordial embora se possa inferir,
sem qualquer menção expressa, eventuais alterações de sentimentos através de
olhares ou da negação destes, desenrolando-se todavia todos os atos dentro da
mais convencional normalidade que nos faz pensar que o seu autor; Thomas Lilti
diretor e argumentista deste relato bucólico nos quis apresentar um
documentário ficcionado da vida na província Francesa, pois não acredito que em
pleno século XXI ainda exista um “João Semana” em funções efetivas.
A cereja em cima do bolo aparece na última TAC a que o
médico é sujeito como controlo do tratamento prescrito, onde milagrosamente, já
não aparece qualquer referencia ao tumorl, depois de em várias alturas do filme
nos terem pintado um quadro negro de impossibilidade de operação e ineficácia
do tratamento. Ora bolas, se era só para isto mais valia termos ido pastar caracóis
para o campo.
Classificação: 4 numa escala de 10
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