Sinopse
Quando Rodney Baze misteriosamente desaparece e a
justiça não segue com bastante rapidez, seu irmão mais velho, Russell, toma o
assunto em suas próprias mãos para encontrar justiça.
Opinião por Artur
Neves
Esta é uma história do oeste moderno, atual,
trabalhador, mas que vive paredes meias com a montanha e os seus habitantes
esquecidos no tempo e ostracizados pela sociedade que não os quer integrar
porque eles também a ignoram, reagem, refugiam-se em guetos, escondem-se e
compensam a sua frustração na droga, no crime violento, na prática dos
instintos mais básicos e primários da espécie humana.
É uma história na América profunda que ajudou a eleger
Donald Trump e que sobrevive sem esperança nem glória. Scott Cooper é um
realizador nascido nos USA, no estado da Virgínia e como tal sabe do que fala e
a que se refere quando nos mostra uma cidade com pouca atividade comercial e
industrial, que sofre as sequelas da globalização com a falta de trabalho devido
ao fecho das fábricas e do êxodo dos seus filhos para a guerra do Afeganistão,
situada no sopé dos montes Apalaches onde os vive uma sociedade de marginais,
fechada ao mundo e onde a polícia não se atreve a deslocar-se e até estabelece
ligações subterrâneas com os lideres da droga para sua própria segurança e dos munícipes
que se comprometeu proteger.
É neste ambiente pesado, de poucas palavras, gestos languidos
e dias sempre iguais que Rodney Baze (Casey Afflec) procura compensar o tempo
perdido em quatro campanhas no Afeganistão que não lhe trouxe nada além de cicatrizes,
solidão e feridas na alma, através de combates ilegais de boxe com mãos nuas e
resultados combinados, por um John Petty (Willem Dafoe, soberbo) com Harlan
DeGroat (Woody Harrelson num personagem absolutamente desumano, selvagem e
asqueroso) corretor de apostas e organizador dos referidos combates de que
todos têm conhecimento mas que ninguém se atreve sequer a mencionar a sua existência.
As coisas porém não correm como combinado e DeGroat
não perdoa, manifestando a mais fria crueldade e violência que estão de acordo
com todo o ambiente circundante e são-nos apresentados em cenas credíveis e
duras. Ao desaparecimento de Rodney e à relativa inercia das autoridades
locais, cabe a Russell Baze (Christian Bale, também num bom desempenho) seu
irmão, ir procura-lo em locais completamente desconhecidos para si, que apesar
de os encontrar não se atreve a agir porque constituiria um suicídio sem utilidade
nem glória.
Muda de estratégia e finalmente consegue os seus
intentos de justiça, que embora perpetrada por suas próprias mãos constituí resposta
para a inercia e acanhamento das autoridades que muito prometem mas pouco fazem
por uma lei e ordem que não têm capacidade de impor. “Quem com ferros mata com
ferros morre” e a cena final, repleta de frieza, sereno desprezo e puro ódio,
ilustra completamente o provérbio. Trata-se de um filme duro, mas bem feito, desempenhado
com profissionalismo e que vale a pena ver.
Classificação: 7 numa escala de 10