Sinopse
Para Tommy (Brian Cox) e Austin (Emile Hirsch), dois
médicos legistas que são também pai e filho, esta é uma noite igual a tantas
outras passadas na morgue, até que chega um estranho cadáver sem identificação.
Descoberta na cave de uma família que foi brutalmente assassinada, a jovem Jane
Doe - assustadoramente bem preservada - está envolta em mistério.
Opinião por
Artur Neves
Estamos em presença de uma história de terror que começa
com a descoberta de um cadáver de mulher particularmente bem tratado, com bom
aspeto, razoavelmente limpo e não fora a ausência de respiração e de movimento
poder-se-ia pensar noutra situação diferente da morte. O cadáver é levado para
um necrotério local onde trabalham o médico legista e o seu filho que se lançam
na tarefa de descobrir a causa da morte e outros pormenores significativos.
Com este tema André Ovredal, realizador sueco que em
2010 nos apresentou “Caçador de Trolls” (???) com pouco sucesso entre nós, traz-nos
aqui uma história com todos os ingredientes do tema que apesar de se passar
numa única noite, numa cave onde será feita a autópsia e apenas com dois
personagens, prende-nos às cenas que se vão desenrolando e nos vão mostrando
que por motivos desconhecidos o “cadáver não estará realmente morto”.
O ambiente criado é soturno, o suspense é credível, conseguido com travellings de câmara que apesar de não mostrarem nada para além
das paredes do recinto criam a expectativa da surpresa que nos agarra ao
assunto. Como também é comum nestes filmes, a noite é de tempestade, a eletricidade
falha, as comunicações também e o ambiente de isolamento criado transporta-nos
para os nossos próprios medos e para o sentimento de fraqueza e de incapacidade
de defesa que sentiríamos se nos encontrasse-mos naquela situação.
Na primeira parte, a história desenvolve-se pela inferência
científica da investigação da presumível morte até que os sinais esotéricos encontrados
no interior do corpo transportam os dois analistas para eventuais razões
transcendentais que encontram eco nos seus próprios erros e nos seus remorsos sobre
atos passados que dão ao filme uma dimensão de culto macabro que se vai repetir
naqueles dois personagens tal como tinha ocorrido da casa onde o cadáver foi encontrado.
A história a que assistimos é simples e escorreita,
sem grandes rasgos, nem efeitos especiais salvo os de caracterização, mas os
que nos submete é o confinamento que o realizador habilmente conseguiu criar que
nos causa desconforto e mantem o olhar na tela à procura do caminho de fuga que
não existe, porque não é de morte que se trata mas antes de vida sedenta de
vingança. É um filme quase série “B” mas vale o tempo que lhe dedicamos.
Classificação: 6 numa escala de 10
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