14 de março de 2017

Opinião – “A Autopsia de Jane Doe” de André Ovredal


Sinopse

Para Tommy (Brian Cox) e Austin (Emile Hirsch), dois médicos legistas que são também pai e filho, esta é uma noite igual a tantas outras passadas na morgue, até que chega um estranho cadáver sem identificação. Descoberta na cave de uma família que foi brutalmente assassinada, a jovem Jane Doe - assustadoramente bem preservada - está envolta em mistério.

Opinião por Artur Neves

Estamos em presença de uma história de terror que começa com a descoberta de um cadáver de mulher particularmente bem tratado, com bom aspeto, razoavelmente limpo e não fora a ausência de respiração e de movimento poder-se-ia pensar noutra situação diferente da morte. O cadáver é levado para um necrotério local onde trabalham o médico legista e o seu filho que se lançam na tarefa de descobrir a causa da morte e outros pormenores significativos.
Com este tema André Ovredal, realizador sueco que em 2010 nos apresentou “Caçador de Trolls” (???) com pouco sucesso entre nós, traz-nos aqui uma história com todos os ingredientes do tema que apesar de se passar numa única noite, numa cave onde será feita a autópsia e apenas com dois personagens, prende-nos às cenas que se vão desenrolando e nos vão mostrando que por motivos desconhecidos o “cadáver não estará realmente morto”.
O ambiente criado é soturno, o suspense é credível, conseguido com travellings de câmara que apesar de não mostrarem nada para além das paredes do recinto criam a expectativa da surpresa que nos agarra ao assunto. Como também é comum nestes filmes, a noite é de tempestade, a eletricidade falha, as comunicações também e o ambiente de isolamento criado transporta-nos para os nossos próprios medos e para o sentimento de fraqueza e de incapacidade de defesa que sentiríamos se nos encontrasse-mos naquela situação.
Na primeira parte, a história desenvolve-se pela inferência científica da investigação da presumível morte até que os sinais esotéricos encontrados no interior do corpo transportam os dois analistas para eventuais razões transcendentais que encontram eco nos seus próprios erros e nos seus remorsos sobre atos passados que dão ao filme uma dimensão de culto macabro que se vai repetir naqueles dois personagens tal como tinha ocorrido da casa onde o cadáver foi encontrado.
A história a que assistimos é simples e escorreita, sem grandes rasgos, nem efeitos especiais salvo os de caracterização, mas os que nos submete é o confinamento que o realizador habilmente conseguiu criar que nos causa desconforto e mantem o olhar na tela à procura do caminho de fuga que não existe, porque não é de morte que se trata mas antes de vida sedenta de vingança. É um filme quase série “B” mas vale o tempo que lhe dedicamos.

Classificação: 6 numa escala de 10

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