Sinopse
Ramón,
pai de família, vive para o trabalho até que o seu corpo começa a falhar.
Com
o diagnóstico de Esclerose Múltipla todos os prognósticos pareciam indicar que
no espaço de um ano não seria capaz de andar nem cem metros. Ramón decide
levantar-se para a vida e participar na prova desportiva mais dura do planeta.
Com a ajuda da sua mulher e
do rabugento do seu sogro, Ramón começa um treino peculiar no qual lutará
contra as suas limitações, demonstrando ao mundo que render-se não é opção.
Opinião
por Artur Neves
Marcel Barrena, realizador e
autor do argumento desta história fundamentada num caso verídico, mostra-nos o
sofrimento e a profunda desestruturação pessoal de um paciente de esclerose múltipla
que num pequeno intervalo de tempo vê a sua vida drasticamente alterada por
esta doença silenciosa, sem cura, que se agrava com o passar do tempo e que não
desaparece até ao fim dos nossos dias. Tal como se refere no filme, é uma
companheira para dançar para a qual temos de nos prevenir para que não nos
pise.
O título, reporta-se ao
limite genérico de capacidade de locomoção quando somos apanhados por ela, embora
de maneira ligeira, mas que nos deforma a postura, a clarividência, a vista ou
qualquer dos nossos sentidos que estamos habituados a usar. Todavia representa também
o alvo a ultrapassar quando cerramos os dentes e decidimos combater (se é que
se pode chamar assim) o mal através do esforço, da perseverança, da abnegação
pelo sofrimento autoinfligido em muitas horas de treino físico que constitui o
alimento da esperança, da raiva, do desespero para que não se piore o que já é
muito mau.
Trata-se pois de uma
história de superação das nossas fraquezas, de estoicismo, de desafio para
todos os que nos cercam e por fim, de descoberta de amigos improváveis, de
confirmação de outros que não nos abandonam e de revelação de pequenos nadas
que nessa situação são o tudo a que ficamos reduzidos. É sem dúvida uma
história de destruição inevitável em que o fim é conhecido e inevitável, mas em
que o que conta é que o percurso até lá seja o mais longo e “normal” possível,
para nosso bem e dos que nos rodeiam indiretamente afetados pela mesma doença.
A doença não é o verdadeiro
mal, mas sim a vida em si mesma que permite que este, ou outro mal se
sobreponha a uma existência que prevíamos diferente.
A história está bem contada,
Alexandra Jiménez, que desempenha o papel de “Inma”, esposa de “Ramón” Dani
Rovira, está muito convincente como esteio da família e o sogro mal-amado “Manolo”,
Karra Errejaldo, é o elemento dissonante na tragédia, que constrói um
personagem truculento e desafiador mas fundamental para a superação de Ramón e
para a elevação da história. Também é agradável ver Maria de Medeiros num papel
de hippie que empresta algum colorido
à ação, lamenta-se é que seja tão pouco.
Classificação: 6 numa escala
de 10
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