Sinopse
HELL OR HIGH WATER – CUSTE O QUE CUSTAR! conta a
história de dois irmãos no Oeste americano: Toby (Chris Pine), um pai
divorciado que tenta assegurar uma vida melhor para o filho, e Tanner (Ben
Foster), um irascível ex-presidiário com tendências violentas. Juntos, decidem
assaltar sucursal atrás de sucursal do banco que está a penhorar a propriedade
da sua família. Com este esquema, eles querem reclamar um futuro que sentem
ter-lhes sido roubado por forças maiores. Esta vingança parece ter sucesso até
Toby e Tanner se cruzarem com um incansável Ranger texano (Jeff Bridges) à
procura de um triunfo final antes da reforma. Assim, ao mesmo tempo que os dois
assaltantes planeiam o último roubo para completarem o seu plano, avizinha-se
no horizonte um explosivo confronto entre o único polícia honesto do Oeste e um
par de irmãos sem nada a perder a não ser a sua família. Para além de um
soberbo elenco, este drama conta com David Mackenzie (Starred Up) na cadeira de
realizador e tem ainda o argumento assinado por Taylor Sheridan (Sicario -
Infiltrado).
Opinião por
Artur Neves
É com uma história tipicamente Texana e muito bem
relatada que David Mackenzie (realizador nascido na Escócia à 50 anos) nos traz,
o ambiente, o tempo atual e a moral subterrânea que justifica em parte, um
certo american way of life que optou
por eleger a personalidade truculenta de Donald Trump, para quem segue por princípio
a filosofia de; “se queres toma-o”…
Nesta história também os dois irmãos assaltam bancos
em sequência para satisfazerem os seus desejos de riqueza, no pressuposto que roubam
o que já lhes foi anteriormente roubado e esse clima é bem ilustrado no filme pela
postura dos banqueiros com quem eles contactam por motivo da herança deixada
sob hipoteca pelos seus progenitores.
Toda a história é contada numa toada lenta e suave de
acordo com o ambiente que a suporta, belas paisagens selvagens, pôr-do-sol lânguidos
e contemplativos, atmosfera seca e acolhedora embora poeirenta que justifica a
presença quase constante de cerveja a escorregar pelas gargantas secas pelo ar quente
das longas tardes. Toda esta paz só é quebrada pelos assaltos dos dois irmãos e
pela tenacidade dos seus perseguidores, com particular destaque para um xerife
em vésperas de reforma, mas cuja experiencia acumulada lhe permite vislumbrar
todo o plano engendrado por um dos irmãos, embora o menos notado e exuberante nos
assaltos já realizados.
Não há propriamente uma investigação mas tão somente a
compilação dos factos, o raciocínio simplista do 1 +1 e muita dose de
inspiração, “faro” policial e paciência para esperar pelo golpe seguinte, que
decorre de acordo com as previsões. Tudo isto é-nos contado sem pressas,
sincronizado com o ritmo de vida circundante, entre duas cervejas bebidas em
amena cavaqueira entre amigos e colegas de profissão, mostrando que no Texas
não há pressa para chegar onde se pretende e enquanto o crude jorrar da terra
com a facilidade e os parcos meios técnicos que se vêm no filme, não há
aquecimento global que os perturbe e os dólares continuarão a encher os bolsos
sem remorsos.
É uma história sobre a América profunda, em que o
telemóvel é um quase adorno, a arma uma companhia inseparável e o chapéu de cowboy uma necessidade para proteger
daquele sol inclemente. Para quê evoluir se assim se está tão bem e se vive sem
preocupações. Um filme a ver para perceber como Manhattan é mesmo uma ilha minúscula
naquele imenso país.
Classificação: 8 numa escala de 10
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