11 de janeiro de 2017

Opinião – “Animais Noturnos” de Tom Ford


Sinopse

Susan (Amy Adams) é uma negociante de arte que se sente cada vez mais isolada do parceiro (Armie Hammer). Um dia, ela recebe um manuscrito de autoria de Edward (Jake Gylenhaal), seu primeiro marido. Por sua vez, o trágico livro acompanha o personagem Tony Hastings, um homem que leva sua esposa (Isla Fisher) e filha (Ellie Bamber) para tirar férias, mas o passeio toma um rumo violento ao cruzar o caminho com um gangue. Durante a tensa leitura, Susan pensa sobre as razões de ter recebido o texto, descobre verdades dolorosas sobre si mesma e relembra traumas de seu relacionamento fracassado.

Opinião por Artur Neves

Susan, uma mulher sofisticada e de boas famílias, vive uma relação que já não a satisfaz com o seu segundo marido identificado como homem de negócios que justifica a sua disponibilidade de meios e qualidade de vida, recebe pelo correio para apreciação, um exemplar do ultimo romance escrito pelo seu primeiro marido e grande amor da sua vida que ela desprezou por influencia da sua mãe que atendia mais à posição social do que à verdade das relações.
É com esta guião que Tom Ford, Americano, realizador e autor do argumento nos apresenta este seu segundo filme, contado com uma história dentro da história da vida de Susan, que esta interpreta e visualiza através da leitura do romance como uma vivência que lhe poderia ter acontecido se continuasse casada com o seu primeiro marido. Essa sua leitura perturba-a muito para além do enredo do romance, embora este nos indicie a possibilidade real de cenas de violência gratuita e implícita, através da caracterização das situações e dos autores materiais desse crime, que nos aparecem muito credíveis e capazes de os executar.
Estamos assim perante um drama com um suspense que ao vê-lo, me recordou David Lynch no seu filme Moulholland Drive, considerando o ambiente, os locais, as personagens e a maneira demorada a apresentar os factos, embora sem a mestria deste autor, pois a Tom Ford ainda falta “um bocadinho” para lá chegar. Não quero dizer todavia que não estamos em presença de um bom trabalho, bem construído, com um Michael Shanon a interpretar um polícia dedicado ao seu trabalho, à beira da morte por um cancro que lhe limita os dias de vida mas que ele gasta naquele caso mostrando-nos o que representa para algumas pessoas a abnegação pelas causas em que acreditam.
Susan é assim levada a repensar os seus atos, todas as atitudes da sua vida até aquele momento, bem como as afinidades que tinha com o seu primeiro marido e o convencionalismo das causas, por vezes poereis que justificaram a sua separação, por troca com uma relação em fim de ciclo que não lhe trás felicidade embora muita qualidade de vida.
Laura Linney interpreta uma mãe de Susan que merecia mais tempo e diálogos mais profundos para afirmar o seu personagem, pois assim aparece-nos como um elemento pontual. Ami Adams, lindíssima, tem neste filme pouco espaço para se afirmar ao contracenar com um soberbo Jake Gylenhaal (Edward) no papel de homem fraco. Um filme interessante que vale a pena desfrutar.

Classificação: 7 numa escala de 10

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