19 de maio de 2011

Opinião - Anástasis


Título: Anástasis
Autor: Maria Araújo Lima
Editora: Edição de Autor

Sinopse:
Susan Fletcher está internada num hospício, na cidade de Londres, há já dois anos e sem progressos a registar. Com o passar do tempo, os seus familiares e amigos vêem-se envolvidos numa série de crimes e ondas de suspeição.
Frank Douglas, detective inglês e investigador de serial killers, é chamado a intervir e a investigar os sucessivos casos de homicídio. Enquanto Dr. Evans, médico no hospital, pertence a uma seita secreta, que vai alterar o rumo da história. Gary Molony, padre irlandês e amigo de Susan Fletcher, guarda o segredo que pode estar na origem de todos os mistérios.
Uma história policial, desenrolada em Inglaterra, onde o suspense é a palavra de ordem e a verdadeira resposta só será conhecida no final.
Cada virar de página e passar de capítulo desvenda mais um segredo.
Anástasis é a prova real de que nós só acreditamos naquilo que vemos.

Opinião por Vera Brandão:
A sinopse deste livro há muito me atraíra e devo confessar que, depois da experiência com o livro de António Trabulo, decidi-me a apostar mais nos autores nacionais. E o que dizer sobre a sinopse deste livro? Completamente aliciante :D Estas foram as maiores razões de ter escolhido este livro, e em nada me arrependo!

Ora vejamos... a acção passa-se em Londres. Susan Fletcher está internada num hospital psiquiátrico. Daqui depreendemos dois factos: Susan é uma personagem apática mas que consegue ter algum envolvimento com o leitor, simplesmente pelo facto da sua condição mental; desde as páginas iniciais do livro que se desperta alguma curiosidade em saber os motivos que conduziram esta personagem a um internamento de 2 anos num hospital psiquiátrico.

Mas não é só Susan a personagem que abarca o seu quê de segredos. O que terão a esconder o Dr Evans, o director do Hospital, Anne e John? Todas as personagens nos trazem desconfiança pelos segredos que escondem.

O livro desenvolve-se, dividido em duas histórias que decorrem em paralelo: temos, por um lado, capítulos dedicados a Susan e as suas interacções com as personagens familiares e amigas, sem no entanto saber que ligações há entre elas.
Outros capítulos dedicam-se a um caso estranho de homicídio nos Estados Unidos, sendo Frank Douglas, o detective inglês destacado para investigar o caso. A este homicídio se seguirão uns quantos outros crimes...

Achei que a história estava bem engendrada. Além de imprevisível, achei que o livro tinha algumas partes mais difíceis de digerir, como umas poucas cenas mais para o gore e outras de cariz mais psicológico, igualmente perturbadoras.

Para primeiro livro, penso que a autora esteve bastante bem. Mostra ter uma escrita fluída a apresentar um desenvolvimento coerente de ideias. No entanto achei peculiar a forma como apresenta algumas personagens secundárias em notas de rodapé, tornando-as meramente figurantes (quando a sua presença na acção até é considerável) e a mudança de cenário dentro do mesmo capítulo.

Um ponto positivo a ter em conta foi a introdução do tema das seitas secretas, que pessoalmente acho bastante interessante. A autora escreve sobre o assunto de uma forma crua, impessoal e assim, cabe ao leitor definir o seu próprio ponto de vista perante tal abordagem.

Adorei o desfecho! Senti-me como a primeira vez em que vi o filme Saw (o primeiro). Pensei "então como é que isto me passou ao lado?". Bastante inesperado e intenso! Tal como o subtítulo do livro nos diz, "A Verdade é uma Mentira". No entanto devo confessar que gostaria que tivesse sido aprofundado o desfecho da personagem John.

Não deixa de ser um bom livro, a estreia de uma autora nacional, que pode muito bem dar cartas novamente na literatura policial. Criativa, chocante, inesperada é esta leitura que recomendo sem reservas aos fãs do thriller.

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