14 de novembro de 2010

Entrevista a Pedro Miguel Rocha

Esta semana, apresento-vos Pedro Miguel Rocha, o autor da obra “Juntos temos poder”, que simpaticamente se disponibilizou para nos dar esta entrevista.


Sobre o autor:
Pedro Miguel Rocha nasceu em 1973 e licenciou-se em Ensino de Português e Inglês em 1997.
Publicou, em 2009, o seu primeiro livro, “Juntos Temos Poder”, com o qual pretende promover a reflexão e a acção da sociedade civil em prol das Causas Humanitárias.
Em Julho de 2010, foi um dos finalistas do Prémio Literário "Esfera das Letras", com a obra "O Eremita Galego".
Poderão ainda encontrar mais informações sobre a autor e as suas obras em:

http://pedromiguelrocha.blogspot.com/

http://chegamosafisterra.blogspot.com/
http://juntostemospoder.blogspot.com/


Entrevista

Começaste a escrever com que idade?
Desde muito novo, talvez desde a adolescência, que tinha o sonho de, um dia, escrever um livro. Fiz várias tentativas ao longo dos anos, distintos esboços, mas, como não ficava satisfeito com o resultado, acabava por não levar avante os projectos idealizados. Entretanto, enquanto aguardava pela concretização efectiva do que havia idealizado, escrevi, durante algum tempo, artigos de opinião para diferentes jornais.
O sonho viria a cumprir-se no mês de Junho de 2009, com a publicação do meu primeiro livro: “Juntos Temos Poder”, prefaciado pelo Dr. Fernando Nobre.

O teu livro “Juntos Temos Poder” pretende promover a reflexão e a acção da sociedade civil em prol das Causas Humanitárias. Como surgiu a ideia de escrever este livro? Está relacionado com alguma experiência pessoal?
Na verdade, o “Juntos Temos Poder” não está directamente relacionado com as minhas experiências pessoais, até porque nunca exerci voluntariado em África. O relato ficcional que construí é fruto de vincados anseios e preocupações que vivem no meu interior há já algum tempo. Acredito, piamente, que podemos ter um Mundo muito mais solidário, justo, fraterno, pacífico e humanista, dependendo, obviamente, da postura e atitude de cada um de nós. Continuo, apesar de tudo o que vejo e ouço, a confiar na possibilidade de uma mudança positiva, que transfigure as condições de vida dos biliões de irmãos que temos espalhados pelo Planeta e um dos objectivos deste livro é, precisamente, apelar ao nosso espírito de entreajuda, tolerância e Amor.

Parte dos lucros da venda deste livro revertem para a AMI. Num mundo que, cada vez mais, está em crise em todos os aspectos e em que a solidariedade para com o outro se torna cada vez mais necessária, como achas que cada um de nós pode colaborar para que o mundo seja um lugar um pouco melhor?
Creio que começando por melhorar o nosso próprio mundo. Ou seja, sozinhos, evidentemente, não conseguimos alterar todos os cenários negativos que assolam as várias latitudes da Terra, mas temos, dentro de nós, a capacidade de alterar as vivências de quem está ao nosso lado. Um sorriso, um afecto, uma palavra carinhosa, um incentivo, um apoio moral, um perdão, por vezes, são mais importantes do que uma ajuda económica ou alimentar. Se a mensagem de Amor, no sentido mais lato da palavra, conseguisse contagiar a grande maioria da Humanidade, alcançaríamos um patamar de evolução humana que propiciaria, certamente, o aniquilamento de muita da negatividade que corrói tantas existências e teríamos, assim, um Mundo bem melhor.

Onde vais buscar a tua inspiração?
Aquilo que escrevo está sempre relacionado com o que sinto, penso, vivo, observo ou sonho. Nesse sentido, vou buscar a inspiração à minha própria vida e a todos os meus sentimentos. Apesar de ainda só ter publicado uma obra, tenho quatro livros escritos (Juntos Temos Poder, Chegámos a Fisterra, O Eremita Galego e Contos Peregrinos) e em todos eles, por mais pequena que seja, há sempre uma marca das minhas vivências, dos meus pensamentos, da minha imaginação ou de experiências vividas por pessoas próximas de mim.

Quais são as tuas referências literárias?
Transporto comigo, obviamente, no meu imaginário, as referências do passado, aquelas de que aprendi a gostar e a respeitar quando me sentava nas cadeiras da escola e da universidade, como sejam, Gil Vicente, Luís Vaz de Camões, Eça de Queirós, Júlio Dinis, Vergílio Ferreira e José Saramago, entre muitos outros. No entanto, a actualidade trouxe-me outras leituras e outros autores de que gosto bastante e, embora alguns deles sejam, por vezes, apontados como não sendo “literários” (apesar desse conceito ser, na minha opinião, completamente discutível), admiro as obras de Carlos Ruiz Zafón, Ignacio del Valle, Víctor Álamo de la Rosa, Francisco José Viegas, Mário de Carvalho e João Tordo.

Como é o teu processo criativo? Tens algum ritual?
Há um período, antes de começar a escrever, que pode demorar semanas ou meses, em que recolho ideias sobre personagens, possíveis enredos e cenários e durante o qual pesquiso um ou outro detalhe. Depois, ultrapassada essa etapa, vem, inevitavelmente, a escolha do título. É então que começo a escrever o livro ininterruptamente.

Em Julho de 2010, foste um dos finalistas do Prémio Literário "Esfera das Letras", com a obra "O Eremita Galego". Como te sentiste por veres o teu trabalho reconhecido dessa forma?
Fiquei, sem dúvida, extremamente feliz por saber que, entre quase uma centena de candidatos de Portugal e Brasil, o júri do Prémio considerou que “O Eremita Galego” reunia qualidades para figurar entre as obras finalistas. Para além disso, foi um enorme estímulo que recebi para continuar a escrever.

Sabemos que está quase a sair para o mercado um novo projecto, com o título “Já não se fazem Homens como antigamente”, que terá a tua colaboração juntamente com mais alguns autores. Fala-nos um pouco sobre esse projecto.
Este livro, editado pela Esfera do Caos e escrito a quatro mãos - por mim, pela Daniela Pereira, pelo Miguel Almeida e pelo João Pedro Duarte (mentor e coordenador do projecto) -, acaba por ser um retrato bastante divertido e sentimental sobre o Amor e sobre as relações humanas dos tempos modernos. Numa sociedade fortemente marcada por uma crise económica e de valores, em que a sociedade civil se encontra stressada, com rotinas mecânicas, com excesso de informação e rodeada de egoísmos vários, que lugar ocupam os sentimentos?
Tentamos, nesta obra, responder a esta e a muitas outras questões.

No dia 16 de Novembro chega ao panorama da literatura o teu novo livro: “Chegámos a Fisterra”. O que podemos esperar desta tua nova obra?
Confesso que este é o livro que me deu maior prazer escrever.
“Chegámos a Fisterra” é um romance policial que nos permite acompanhar de perto a árdua luta de Chris Brown, bibliotecário numa pequena localidade inglesa, para salvar um livro escrito no início da década de noventa e que havia sido, intencionalmente, riscado do panorama literário e comercial por alguns poderes obscuros. A censura, a manipulação da informação e os defeitos e fragilidades do sistema de sociedade capitalista são, sem dúvida, os grandes temas centrais desta obra.

Quando andava a “bisbilhotar” o teu blog encontrei uma pergunta muito interessante que agora te faço a ti: eras capaz de arriscar a tua vida para salvar um livro?
Essa é, realmente, a pergunta que escolhi para divulgar o “Chegámos a Fisterra”, já que é, de facto, o que vai acontecer a Chris Brown quando tenta fazer renascer uma obra escondida, há vários anos, no depósito da biblioteca pública de Old Harlow.
Quanto a mim, como um dia, provavelmente, se virá a saber, já arrisquei a minha própria vida para salvar um dos meus livros. E mais não digo, para já…

Qual o teu livro preferido?
Há vários livros que me marcaram, mas se tivesse de escolher apenas um, escolheria “A Sombra do Vento” de Carlos Ruiz Zafón.

Qual a tua citação preferida?
É uma citação de John Updike: “Os sonhos tornam-se realidade. Sem essa possibilidade, a natureza não nos incentivaria a tê-los”. Obviamente que nem todos são concretizáveis, mas a maioria deles, com persistência, luta e com uma crença inabalável, vêm ter connosco ao longo da nossa vida.

Qual foi o último livro que leste?
Terminei, há pouco tempo, “Bala Santa” de Luís Miguel Rocha e estou, neste momento, a ler “O Bom Inverno” de João Tordo.

Em que mudou a tua vida desde a publicação do teu primeiro livro?
Mudou um pouco, no sentido em que me apaixonei, por completo, pela escrita. Não me vejo, hoje em dia, num projecto de vida que não passe pela partilha de ideias, de reflexões, de sentimentos, de personagens e de histórias, através das páginas de um livro.

Quais são os teus planos e objectivos para o futuro?
Neste momento, estou empenhado e muito entusiasmado com a divulgação destes dois novos projectos (“Chegámos a Fisterra” e “Já não se fazem Homens como antigamente”). Irei, igualmente, procurar a melhor solução para publicar, em 2011, “O Eremita Galego” e tenciono, a partir de Janeiro, começar a escrever o meu quinto livro, já com enredo e título definidos. Para além disso, o meu principal plano para o futuro passa, sem dúvida, por ser feliz.

3 comentários:

blueiela disse...

Olá Pedro:)

Passei pelo blog da Marta e li a tua entrevista... adorei. Tem sido muito bom trabalhar contigo e com os restantes "mosqueteiros" no livro Já não se fazem Homens como antigamente.
Queria aproveitar e desejar-te um futuro risonho na escrita,porque o talento já o conheço..a forma humana de ser...também.
Boa sorte para todos os teus projectos.

um beijinho da stressada do grupo;)

Daniela Pereira

lapis-verde disse...

Boa tarde Pedro,

gostei muito da tua entrevista, e principalmente, das tuas ideias e gostos que me deram algumas "deixas" para te conhecer melhor! Gostei muito!
O livro "Chegamos a Finisterra" é um livro que tem muito a ver comigo porque sou bibliotecária, e tive de "passar" o sofrimento de, em pleno séc. 21, enviarem livros para a reciclagem, ou seja, para a fogueira...
Ainda consegui salvar alguns livros, mas nunca mais fui, nem serei a mesma pessoa!
O que dizes sobre o livro e a sua temática: a "censura, a manipulação da informação e os defeitos e fragilidades do sistema de sociedade capitalista são, sem dúvida, os grandes temas centrais desta obra." são, infelizmente, assuntos muito actuais e que me "tocam" bastante...o suficiente para necessitar de apoio psicológico durante mais de um ano...
Também gosto muito da "Sombra do vento", enfim, gostei muito da tua "radiografia"...
Parabéns e Felicidades
Maria Helena Cruz

PMR disse...

Obrigado, Daniela e Helena! : )
Fiquei muito feliz com os vossos comentários!
Um grande abraço fraterno!
Pedro