15 de novembro de 2010

Lançamento Quetzal para Novembro

Título: A Boneca de Kokochka
Autor: Afonso Cruz

Sinopse:
O pintor Oskar Kokoschka estava tão apaixonado por Alma Mahler que, quando a relação acabou, mandou construir uma boneca, de tamanho real, com todos os pormenores da sua amada. A carta à fabricante de marionetas, que era acompanhada de vários desenhos com indicações para o seu fabrico, incluía quais as rugas da pele que ele achava imprescindíveis. Kokoschka, longe de esconder a sua paixão, passeava a boneca pela cidade e levava-a à ópera. Mas um dia, farto dela, partiu-lhe uma garrafa de vinho tinto na cabeça e a boneca foi para o lixo. Foi daí em diante que ela se tornou fundamental para o destino de várias pessoas que sobreviveram às quatro toneladas de bombas que caíram em Dresden durante a Segunda Guerra Mundial.

Sobre o autor:
Além de escrever, Afonso Cruz é ilustrador, realizador de filmes de animação e compõe para a banda de blues/roots The Soaked Lamb, (onde canta, toca guitarra, harmónica e banjo). Nasceu em 1971, na Figueira da Foz, e haveria, anos mais tarde, de viajar por mais de sessenta países. Vive com a sua família num monte alentejano onde, além de manter uma horta e um pequeno olival, fabrica a cerveja que bebe. Em 2008, publicou o seu primeiro romance, A Carne de Deus – Aventuras de Conrado Fortes e Lola Benites e, em 2009 Enciclopédia da EstóriaUniversal, livro galardoado com o Prémio Camilo Castelo Branco | Grande Prémio APE de Conto.

Excertos:
«Certo é que a boneca foi construída e, julgo tornou-se uma desilusão. Kokoschka acabou por matá-la. Mas adianto-me. Durante algum tempo fê-la viver. Uma pessoa mão existe apenas por ter um corpo. Precisa de ter uma vida social. Precisa da palavra, da alma. Precisamos de testemunhos, dos outros. Por isso, Kokoschka fez com que a criada fizesse circular rumores sobre a boneca. Histórias.: como se ela existisse, como se ela tivesse uma existência semelhante à nossa.»

«Aos quarenta e dois anos, mais concretamente, dois dias depois do seu aniversário, Bonifaz Vogel começou a ouvir uma voz- A princípio pensou que fossem os ratos. Depois, pensou chamar alguém para acabar com os bichos da madeira. Alguma coisa o impediu. Talvez o modo como a voz o ordenara, com a autoridade das vozes que nos habitam profundamente.»

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