Sinopse
Um encontro casual à porta
de uma escola em Kutaisi, na Geórgia. Lisa e Giorgi chocam e um livro cai no
chão. Visivelmente atordoados, marcam um encontro sem terem sequer dito os seus
nomes. É amor à primeira vista e, como que encantadas, as coisas começam a
ganhar vida: a câmara de vigilância é um mau-olhado, o cano de esgoto um
oráculo. Fecham os olhos e os amantes são amaldiçoados, condenados a acordar no
dia seguinte com uma aparência diferente. Esse obstáculo sobrenatural ao seu
reencontro torna-se a passagem para um mundo governado pela magia do quotidiano
em toda a sua beleza simples.
Opinião
por Artur Neves
A pergunta formulada no nome
do filme fica sem resposta até ao fim, mesmo depois de 150 minutos em que a câmara
percorre a cidade de Kutaisi na Georgia mostrando-nos as banalidades
quotidianas de animais e pessoas que vagueiam pela objetiva do realizador sem
que com isso nos seja apresentado um fundamento, uma história, um argumento de
ideia que o filme pretende consubstanciar.
O filme começa com um
encontro fortuito entre dois personagens Lisa (Ani Karseladze) com Giorgi (Giorgi
Ambroladze) que nos faz pensar numa história que começa acidentalmente mas que
não tem continuação porque o filme não tem uma história que o suporte. O filme
tem duas partes em que na primeira parte somos informados dos acontecimentos
banais quotidianos durante a final de uma Copa do Mundo que naquela cidade,
segundo o que nos é apresentado, não tem grande interesse e na segunda parte o
realizador centra-se nas banalidades que acontecem aqui e ali como um pequeno
pardal, crianças brincando num parque infantil, cães vadios ou nem tanto, mas
pulando aqui e ali ao sabor dos seus impulsos e todo um conjunto de observações
do mesmo género em jeito de documentário que atira para um papel residual o potencial
namoro que nos é apresentado inicialmente.
Aliás, quando o par inicial é
forçado a juntar-se a outros casais que o filme engendra, Lisa e George sem se
conhecem por são desta vez representados por outros atores (Oliko Barbakadze e Giorgi
Bochorishvili) respetivamente que a custo se juntam aos outros casais, presumindo
eu, por não sentirem qualquer afinidade com eles. Sou eu que digo, não é o
filme que nos dá alguma pista. Os diálogos são mudos para o espectador, porque
toda a presumível ação do filme é-nos descrita em off por um narrador, o realizador Koberidze, que descreve para o
público o sentido dos acontecimentos que vemos ocorrerem em todas as
banalidades que são filmadas que se estendem por duas hora e meia em que
ficamos á espera de um sentido para tudo aquilo.
Nas notas de produção pode
ler-se numa entrevista feita ao realizador que o nome do filme saiu da atitude
de Lionel Messi que olha para o céu sempre que marca um golo e com essa ligação
ele recebe algo que não é possível ver-se, o que confere ao filme uma visão futebolística.
Por outro lado, a visão documental do quotidiano, mostrando-nos todas as
ninharias dos dias e das pessoas onde também existe o amor mal esboçado entre
Lisa e Giorgi, sem contudo conter os elementos do romance, leva-me a pensar que
o filme não possui um contexto definido no qual possa aprecia-lo e como tal não
lhe confiro qualquer classificação.
Tem estreia prevista em sala
dia 31 de Março
Classificação: ? numa escala
de 10
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