24 de janeiro de 2022

Opinião – “Agentes 355” de Simon Kinberg

Sinopse

Quando uma arma ultra-secreta cai em mãos erradas, a agente da CIA Mason “Mace” Brown terá de unir forças com a sua rival Marie, com a antiga aliada do MI6 e especialista em informática Khadijah e ainda com a hábil psicóloga colombiana Graciela numa intensa e perigosa missão na qual terão de estar sempre um passo à frente da misteriosa Lin Mi Sheng...

Opinião por Artur Neves

Este é mais um filme de ação… feminista. Não é qua ação esteja reservada para os homens, para os “James Bond” desta vida, ou até mesmo sem “Bond”, para todos aqueles que alardeiam virtudes física em lutas sem fim sempre do lado do “bem” e da “verdade”, mas há uns tempo a esta parte chegou o tempo da mulheres, que apesar de manterem a sedução a atração sensual sofisticada, mesmo com nodoas negras e vestígios de luta porque batem em todos que com elas se metem como se não houvesse amanhã, ainda os continuam a convencer. Este é sem tirar nem por um filme desses e não é que isso seja um mal em si mesmo, porque com uma boa história, com uma história consistente, com enredo, com reviravoltas no argumento, com suspeitas e pistas falsas ou não, que não nos façam pensar como tudo vai ser resolvido logo à partida, poderia ainda assim constituir um puro entretenimento do olhar.

Lamentavelmente não é o caso desta história em que o objetivo se resume a uma drive portátil onde está instalado um programa de IA, que quando ligado a um computador e a uma rede, produz inconfessáveis proezas tecnológicas como fazer explodir aviões em voo, apagar toda a distribuição de energia a uma cidade ou até interferir no normal funcionamento da bolsa. Não se pode dizer que á partida que não se trate de um objetivo poderoso, mas a sua perseguição para o capturar, uma, outra e outra vez, com as mesmas pessoas inicialmente inimigas e rivais e depois aliadas, perseguindo sempre o mesmo objeto que até parece que tem asas, apenas mudando somente o local começando por várias cidades na Europa, depois Marrocos e finalmente a China que começa a estar na moda… cansa, satura torna-nos impertinentes e faz-nos pensar o que estamos ali afazer.

Bom… mas se você não é dos que desistem e continua a ver vai-se espantar com a relação entre as heroínas carismáticas que nos apresentam cuja química entre elas é da mais desligada para o funcionamento de um conjunto como equipa. Elas estão sempre em ação, mas todas dirigem farpas a todas, os seus diálogos são do mais banal que possa haver em que as mais banais brincadeiras soam sempre como provocações. Numa das cenas de ação, Mace (Jessica Chastain) correndo intensamente atras de um inimigo, enverga um vestido vaporoso de verão com motivos florais estampados, donde, vá-se lá sabe de que algibeira secreta, ela tira uma pistola de 9 mm equipada com um silenciador no cano para se defender. Aqui, o que nos apraz perguntar é se o argumentista julga que nós não sabemos o que é um vestido de verão e o impacto que causaria na personagem se tivesse costurado no vestido um bolso capaz de transportar um objeto daqueles. E isto é apenas um pequeno exemplo, mas durante todo o filme fica-nos a sensação que o realizador Simon Kinberg, que também escreveu o argumento em conjunto com Theresa Rebeck, pensa que o público é todo tonto e que nunca terá visto um filme de ação antes, revelando o pouco interesse que tem em criar para as suas personagens preferidas um thriller com contornos realistas e verosímeis.

As múltiplas cenas que o filme exibe servem somente para refrescar os motivos já extintos na cena anterior e todas acabam sempre em mortes, que por vezes não o são, lutas, combates artísticos feitos pelo extenso batalhão de duplos que vem referido no genérico final e pelo menos com esses resta-nos a esperança que tenham sido bem pagos e que tenham gozado um período de trabalho que a pandemia tem tornado difícil. Não é uma fatalidade que os filmes de ação sejam apenas isto, é apena uma questão de talento, gosto e respeito pela integridade do público a quem se dirige.

Tem estreia prevista em sala dia 27 de Janeiro

Classificação: 4 numa escala de 10

 

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