Sinopse
Quando uma amiga em comum
pede a Matthias (Gabriel d’Almeida Freitas) e Maxime (Xavier
Dolan), dois amigos de infância, para filmar uma cena de um beijo entre ambos
para uma curta-metragem amadora, eles aceitam. O que não poderiam prever era
que esse momento de intimidade tivesse tal efeito dentro de si, confrontando os
dois rapazes com as suas preferências sexuais, e que alterasse tão completamente
a forma de se verem um ao outro...
Opinião
por Artur Neves
Este filme foi estreado no
Festival de Cinema de Cannes de 2019, escrito, realizado e protagonizado por
Xavier Dolan e só serviu para acentuar, mais uma vez, a sua própria escolha de
orientação sexual, pois como abordagem e desenvolvimento do tema na análise
profunda de uma tendência que se tende a normalizar com o passar do tempo e com
a assunção de mais interpretes, nada de novo nos traz.
Xavier Dolan não é
propriamente um estreante nestas andanças onde já apresentou em 2013 “Tom na
Quinta” onde o desenvolvimento da homossexualidade está bem representada com os
seus silêncios, frustrações e sonhos perdidos que nos deixa perplexos ao
contemplar nesta história o apagamento dessa ansiedade, ainda genericamente não
assimilada socialmente que neste filme se centram em diversas reuniões entre
amigos, comes e bebes em família, onde paira um clima de vacuidade e suspensão,
não diretamente induzido pela história, mas antes pelo que o espectador poderia
esperar que ele fosse desenvolvido desde a primeira cena do beijo que dá motivo
ao argumento.
Mas não, Matthias desenvolve
um personagem equívoco, hesitante, sempre inadequado no sítio onde se encontra,
com olhares furtivos e inexpressivos em diferentes direções e para diferentes intervenientes
em ações avulsas cujos objetivos não são explícitos por tão inconsequentes que
se apresentam.
Poe outro lado, Maxime já é
um personagem mais presente, tanto no convívio com os outros como nas discussões
com a sua mãe, a quem controla o dinheiro e os gastos de casa, recuperando
alguns tiques do seu argumento para “Mamã” de 2014, embora noutro contexto. No
seio da sua família ele usa a sua irmã mais nova, voluntariosa e perfeitamente
integrada na “Geração Z”, bem como as tias e mães dos seus amigos como
representantes do estereótipo de uma sociedade que não considera a sua geração
como séria, mas não passa daí e se teve intenção de evoluir ou escamotear esse
tema como direta incidência nas suas escolhas, não passou de intenção.
Assim, de reunião em encontro,
esgotam-se duas semanas antes da partida de Maxime para a Austrália
apresentadas em flashback (aqui
também não se percebe o interesse da alteração temporal, considerando que este
tema pretensamente construído com tensão crescente, teria mais sentido na
sequência lógica dos eventos) onde nada de relevante se passa para o propósito
da história sentindo-se um vazio total da narrativa que sem querer ser
grosseiro, mas antes realista, classifico como um tempo de “encher chouriços”.
A amizade entre os dois foi
afetada desde o início do filme e isso transformou a relação entre eles que
deveria ter sido apreciada e desenvolvida ao longo da história entre os dois
personagens, mas não, acentua-se o protelamento da situação que fica reservada
para o jantar de despedida em que Matthias faz um discurso ininteligível,
abandona o jantar subitamente, mas depois volta para nos apresentar uma cena de
amor tórrido com Maxime, porém inconsequente e inconclusivo sobre as suas
opções.
No dia da partida, cabe ao
espectador decidir, escolher, o que seja, qual foi a decisão de Maxime… ora
bolas para isso não devia ter sido necessário esperar 120 minutos. Uma desilusão…
O filme está em exibição no cinema
Trindade, da cidade do Porto
Classificação: 4 numa escala
de 10
Sem comentários:
Enviar um comentário