Sinopse
A
história que todos conhecemos esconde um segredo sinistro. Há muito tempo, numa
distante terra de contos de fadas, Gretel conduz o irmão para um bosque escuro
em busca de comida e trabalho, encontrando em vez disso o caminho para um mal
aterrorizador.
Do visionário realizador Oz
Perkins, chega-nos uma nova e aterradora abordagem a um conto clássico,
protagonizada por Sophia Lillis (It).
Opinião
por Artur Neves
“Hänsel und Gretel” é um
contro da tradição oral alemã, escrito pelos Irmãos Grimm e publicado pela
primeira vez em 1812 como sendo uma versão esterilizada para a classe média do
século XIX com a intenção de ilustrar a dureza da vida na Idade Média, devido à
fome e á miséria generalizada, em que um casal profundamente carente de comida
para se alimentar, abandona os filhos ao seu destino na floresta, para os
salvar de serem comidos por eles próprios, se não pudessem resistir a essa
tentação.
Nas suas deambulações pela
floresta os dois irmãos encontram uma casa que pertence a uma bruxa que os
alicia e entrar apresentando-lhes uma mesa com as maiores iguarias que eles
alguma vez tinham visto, mas cuja verdadeira intenção era comer o pequeno Hansel,
convencendo Gretel a ajudá-la a preparar a refeição.
Osgood (Oz) Perkins, ator e
realizador americano, adapta este conto a um filme de terror, o que já
anteriormente tinha sido realizado com mais espetacularidade, mas sem tanta
intensidade dramática e elegância formal submetida à frugalidade da época em que
a história se desenrola tornando este filme austero e sombrio.
Não se percebe a inversão
dos nomes considerando que a história é praticamente a mesma da original. A caminhada
pela floresta dos dois irmãos é longa e descritiva, recheada de revelações
introspetivas daqueles dois seres ligados familiarmente mas que a carência alimentar
e a fome que os assalta lhes provoca a visão sonhadora de outros seres e de outras
realidades em que a presença das árvores somente acentua a sua solidão e
isolamento.
O filme anima um pouco
depois do encontro com uma misteriosa casa triangular situada na floresta. É a
casa da saciedade com tantas e tão boas iguarias com que Holda (Alice Krige), a
bruxa, alicia Gretel (Sophia Lillis) e Hansel (Samuel Leakey) e entrarem em
casa para desfrutar do manjar que lhes é servido. A casa apresenta
exteriormente uma forma aparentemente normal mas a sua dimensão interior é
infinita, com uma cave onde cabem todas as magias e feitiços seguindo a
fantasia de um argumento que se afirma numa estética baseada em cenários
impressionantes e grotescos.
É a fase da
consciencialização de Gretel e da responsabilização pelo seu pequeno irmão
apesar de intimamente o acusar como responsável por se encontrarem ambos
naquela situação e do ressentimento moral por ter recusado uma proposta
anterior, atualmente vista com outros olhos.
Como fantasia, o filme segue
os cânones do conto de fadas embora transformando inteligentemente a história
original. Como filme de terror, o realizador procurou intensificar o sinistro
que se adivinha e a inquietação subtil que perpassa em quase todas as cenas, do
que o gore tradicional deste género, como tal, pode ser aceitável para um
público que prefere o racional perturbador, em vez da morte gratuita e do
sangue a jorros. Se não preferir a magia dos contos de fadas há melhores
sugestões em cartaz.
Classificação: 5 numa escala
de 10
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