Sinopse
Onde Estás,
Bernadette? é baseado no bestseller sobre Bernadette Fox (interpretada pela
vencedora de 2 ÓSCARES Cate Blanchett), uma mulher de Seattle que tinha tudo –
um marido dedicado e uma filha brilhante. Quando ela desaparece
inesperadamente, a sua família parte numa aventura emocionante para resolver o
mistério do seu paradeiro.
Com interpretações de Kristen Wiig, Billy Crudup e
Laurence Fishburne, Onde Estás, Bernadette? baseia-se no bestseller de Maria
Semple e é realizado por Richard Linklater, vencedor de um Óscar com Boyhood:
Momentos de Uma Vida e realizador da trilogia de filmes Antes de Amanhecer,
Antes do Anoitecer e Antes da Meia-Noite. (1995-2013).
Opinião
por Artur Neves
Esta história é fundamentada
num romance escrito em 2012 por Maria Semple que em jeito de comédia descreve a
personalidade e a vida de uma arquiteta, que por motivos ilustrados no filme
desaparece subitamente para se encontrar intimamente, nem ela sabia onde, antes
de fugir.
A adaptação duma história
destas não se apresenta fácil quando, seguindo o objeto do livro, temos de
conjugar comédia social, crítica feminina sobre arte, união familiar e trauma
materno, decorrente da ocorrência fortuita de dois abortos antes do nascimento
de Bee Branch (abreviatura de Balakrishna, por acidente de dicção), (Emma
Nelson) o “ai Jesus” da família e narrador em off dos eventos mais significativos que conduziram aquele
desaparecimento.
Outro problema associado a esta
realização seria encontrar a pessoa certa para este personagem multifacetado,
agorafóbico, inteligente e maternal e aí dou os meus parabéns a Richard
Linklater que acertou “na muge” ao escolher Cate Blanchett, essa versátil atriz
que já nos deu um excelente personagem de mulher que tenta assumir uma
identidade em que não pode acreditar, em Blue Jasmine de 2013, realizado por
Woody Allen.
Linklater, que apresenta um
certo pendor para o lamecha, aqui, descartou-se da profundidade do romance que
não dizia respeito a Bernadette para que Cate Blanchett pudesse brilhar e apoiando-se,
num personagem muito bem conseguido, pode dizer-se que; “leva o filme às costas”,
ao ponto de se reconhecer que onde ela não está, é o vazio.
A história mostra-nos que
tanto Bernadette como Bee são espíritos inquietos decorrente dos seus
percursos; Bernadette como a arquiteta mais promissora da sua geração, recheada
de sucessos na vida profissional, detentora de um prémio MacArthur Grant, por
uma obra, posteriormente destruída por um vizinho que a odiava (aliás, Bernadette
não é fácil de amar) e Bee que tendo nascido com uma insuficiência cardíaca,
foi sujeita a múltiplas operações de reconstrução do coração que retardaram o
seu crescimento e lhe proporcionaram uma infância difícil e conturbada.
O marido, Elgie Branch (Billy
Crudup) e a sua vizinha fútil Audrey (Kristen Wiig) como sendo as pessoas que
mais diretamente interagem com Bernadette têm os seus papeis menorizados
representando o marido, um alto quadro da Microsoft, com elevado sucesso na sua
carreira e que decorrente dos acontecimentos que nos são mostrados poderia
assumir algum poder agressivo, foi transformado num quase idiota, plácido e
conformado com todas as decisões tomadas pela “arquiteta” e Audrey, para quem o
artificialismo das convenções pontua como comportamento e modo de vida é aqui
remetida para um lugar secundaríssimo, muito embora nos apetecesse ver mais da
sua interação.
Blanchette dá tudo de si e
nos 109 minutos de filme, Bernadette existe em qualquer lugar onde ela se
encontre e estabelece a diferença como o ator se entrega ao seu personagem,
tanto no seu mau relacionamento com a tecnologia, como no amor à sua desejada filha.
Para ela vai toda a classificação indicada a seguir e no meu entender, bem o
merece.
Classificação: 6,5 numa
escala de 10
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