7 de novembro de 2019

Opinião – “Midway” de Roland Emmerich


Sinopse

Midway foca-se na fabulosa batalha de Midway, um confronto entre a frota Norte Americana e a marinha Imperial Japonesa que mudou o rumo dos acontecimentos no teatro de guerra do Pacífico durante a Segunda Guerra Mundial. O filma baseia-se em eventos verídicos e heróis verdadeiros, narrando a história de audácia e de coragem de ambos os lados, naquela que foi a mais longa batalha marítima da Segunda grande Guerra.

Opinião por Artur Neves

Pela terceira vez que esta história é levada ao cinema. A primeira versão em forma de documentário dirigido por John Ford quando servia na ilha como oficial da inteligência militar e fotógrafo, (alias, tal como o atual filme o mostra em plena rodagem durante o ataque nipónico). A segunda versão, na forma de uma superprodução de Hollywood em 1976 integrando um assinalável conjunto de estrelas da época, mas obtendo um reduzido êxito de bilheteira decorrente da censura generalizada sobre a utilização de imagens de cenas reais de batalhas navais, que não tinham nada a ver com a batalha de Midway. Foi a solução possível, numa altura em que os efeitos especiais estavam no seu início e o desenho computorizado ainda não existia.
Atualmente porém, tudo mudou, e o que temos nesta realização de Roland Emmerich que se notabilizou a partir do “Dia da Independência” de 1996, é a história verdadeira contada pelos relatos de quem lá esteve, profusamente enquadrada pelos combates aéreos com aviões da época, os Zeros japoneses, velozes e ágeis tanto na aproximação como na fuga, depois de abaterem os pesados e lentos aviões torpedeiros; TDB Devastor da esquadra americana que para descolarem dos porta-aviões americanos precisavam que este se deslocasse em sentido contrário com determinada velocidade, para conseguir que as pesadas máquinas ganhassem sustentação e se elevassem no ar.
A história divide-se por vários personagens reais de ambos os lados do conflito criando um clima de confronto comum a todos os filmes de guerra oriundos de Hollywood e Emmerich enquadra e justifica os eventos da batalha de Midway com os eventos que a precederam, tal como, o ataque dos japoneses a Pearl Harbor ou o bombardeamento do coronel Jimmy Doolittle (Aaron Eckhart) a Tóquio, de uma forma naturalmente breve, mas que faz com o motivo principal da história só seja abordado depois de mais de metade do filme decorrido.
Fica também bem claro que os verdadeiros heróis desta batalha foram os serviços de inteligência americanos e todo o trabalho manual de desencriptação das mensagens que os japonese trocavam entre si. Essa proeza foi conseguida, quase por inspiração, por um oficial inglês ao serviço dos serviços secretos americanos, Edwin Layton (Patrick Wilson) que acreditou que o ponto AF, muitas vezes referido nas mensagens intercetadas, se referia ao atol de Midway onde veio a verificar-se a grande batalha naval.
Mais uma vez, como espetáculo cinematográfico este filme vale pelos efeitos especiais que integra e pela diversidade computacional que exibe, por vezes exagerando em algumas manobras aviónicas que nos mostra. Do ponto de vista emocional é pobre considerando que já sabemos o resultado de tudo aquilo. Vale também, sobretudo pela dignidade com que são tratados todos os intervenientes, tanto japoneses como americanos, com claro destaque para os primeiros, educados com regras mais rígidas e princípios sociais mais austeros que é curioso observar.

Classificação: 5 numa escala de 10

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