3 de setembro de 2019

Opinião – “Os Sete Anões e os Sapatos Mágicos” de Sung-ho Hong e Moo-Hyun Jang


Sinopse

Os SD (Os Sete Destemidos) são os sete príncipes mais belos e populares do Reino dos Contos de Fadas. Mas são também egocêntricos e arrogantes e, por causa disso, são amaldiçoados e transformados em pequenos anões verdes. Este feitiço só poderá ser revertido pelo beijo da mulher mais bela do reino. Determinados a recuperarem a sua beleza, os sete vão partir em busca da mulher mais bela e, no caminho, cruzam-se com a candidata ideal: uma jovem donzela chamada Branca de Neve, cujos sapatos mágicos (dos quais ela nunca se separa), parecem esconder um segredo.
Juntos, os Sete Anões e a Branca de Neve terão de proteger os sapatos mágicos e a Ilha dos Contos de Fadas, mas no caminho irão descobrir o verdadeiro significado da palavra beleza e aprender a celebrar quem realmente são, independentemente do seu aspeto exterior.
Com as vozes de Sara Carreira e Fernando Daniel.

Opinião por Artur Neves

Penso não ser por acaso que o filme começa com o nome “Branca de Neve e os Sete Anões” constituído com letras animadas em queda para o fundo do ecrã, aparecendo depois em zoom in o nome correto do filme no mesmo tipo de lettering anterior. Isto é a consequência de se deixarem histórias europeias centenárias na mão de Coreanos, que não possuem qualquer ponto de contacto com a nossa civilização, lendas e costumes. Isto todavia não significa uma crítica ou uma censura, mas tão somente uma constatação de facto.
A história original da Branca de Neve, que remonta à Idade Média, corresponde a um conto da tradição oral Alemã, que foi compilado num livro de “Contos de Fada para Crianças e Adultos” pelos irmãos Grimm, publicado entre 1817 e 1822, sem contudo se conhecer a data exata. Segundo Bruno Bettelheim, psicólogo Austríaco que viveu a maior parte da sua carreira académica nos USA, no seu livro de interpretação dos contos de fadas; The Uses of Enchantment publicado em 1976, defende que a história da Branca de Neve aborda essencialmente os conflitos edípicos entre mãe e filha na infância e na adolescência, dando maior ênfase ao que constitui uma infância feliz e às condições necessárias para que a criança cresça a partir dela.
Curiosamente e segundo o mesmo autor, os anões são seres que não conseguindo evoluir para uma humanidade amadurecida estão permanentemente retidos num nível pré-edípico, (não têm pais, não crescem, não casam, não têm filhos) servindo apenas para enfatizar os desenvolvimentos que ocorrem na evolução de Branca de Neve.
Posto isto, o que temos neste filme é o contrário do anteriormente descrito. Apresentam-nos sete heróis, belos e amarelos, devotados à justiça e a todas as boas intenções, que uma bruxa má fortemente parecida com a Michelle Pfeiffer (não havia necessidade desta conotação com a senhora) transforma em anões verdes como ogres, em sequência duns erros cometidos pelos próprios. Aparece também um rei, cuja filha, Branca de Neve gordalhufa mas de bom caráter, justa e cheia de boas intenções, transforma-se em bela e amarela depois de calçar os tais sapatos mágicos que a bruxa também persegue sem sucesso. Um príncipe, dum reino por inventar, feioso, arrogante e invejoso, pretende as graças da princesa que os anões defendem, com artefactos inspirados nos mais Coreanos Transformers, usando artes marciais e toda a fantasia que a banda desenhada do sol nascente pode conceber. Até uma Excalibur os Coreanos resolveram incluir na história, vinda não se sabe bem de que origem, mas neste argumento cabe lá tudo.
No final, um dos anões verdes, já recuperado em herói belo e amarelo apaixona-se pela princesa na sua rotunda forma gordalhufa, mostrando-nos que a verdadeira beleza não está no efémero aspeto exterior mas antes na alma, nos bons sentimentos e boa formação de caráter. Para esta mensagem dirijo toda a classificação indicada a seguir e deixo ao leitor a responsabilidade de pretender mostrar ao seu filho(a) toda esta trapalhada.

Classificação: 3 numa escala de 10

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