Sinopse
Em 2003,
enquanto os políticos em Inglaterra e nos EUA procuram invadir o Iraque,
Katharine Gun (Keira Knightley), uma tradutora do GCHQ - serviço de
inteligência britânico responsável pela garantia de informação ao Governo
Britânico e às Forças Armadas -, divulga um e-mail
secreto onde é pedido para que membros do Conselho de Segurança das Nações
Unidas sejam espiados, com o objetivo de os forçar a votar favoravelmente a resolução
para validar a guerra.
Acusada de
violar a Lei dos Segredos Oficiais, e enfrentando a possibilidade de ser presa,
Katharine e os seus advogados iniciam a defesa da ação dela. Com a vida, liberdade
e casamento ameaçados, ela tem de defender aquilo em que acredita...
“Segredos Oficiais” aborda um acontecimento verídico
que viria a ganhar uma dimensão significativa, tornando-se numa causa célebre
entre ativistas antiguerra.
Opinião
por Artur Neves
Se o futuro nos trás algo de
benéfico em termos de humanidade e de sociedade humana ele inclui o encurtamento
dos tempos da história na revelação das verdadeiras intenções e dos casos que
motivaram certas decisões políticas censuráveis e altamente criticáveis, como a
invasão do Iraque pelos países da “coligação”, congeminada nos USA pelo
inefável Bush filho, o primeiro-ministro Inglês Tony Blair e o nosso Durão Barroso,
que serviu como mestre-de-cerimónias no embuste da justificação de invasão para
eliminação das “armas de destruição maciça” que nunca foram encontradas no
Iraque de Saddan Houssein por qualquer das equipas de inspeção.
A história que nos é contada
neste filme baseia-se no romance; “O Espião que tentou parar uma Guerra”
escrito por Marcia & Thomas Mitchell, que reporta o ato heroico de Katharine
Gun, com completo desprezo pelas consequências do seu ato, para si e para a sua
família, ao divulgar à imprensa o conteúdo de um e-mail onde era solicitada a vigilância apertada de várias
entidades das UN com o fim de os condicionar no apoio e concordância com a
projetada invasão do Iraque em 2003, como retaliação à destruição das Torres Gémeas
em 2001.
Neste filme, desenvolvem-se todas
as ações, representadas da maneira mais séria possível, de modo a poder
respeitar a enorme complexidade deste caso envolvendo todos os diálogos nos diferentes
aspetos políticos, éticos, morais e legais, fazendo justiça à personalidade da
verdadeira Katharine Gun que merece todo o nosso respeito e admiração.
Katharine Gun (Keira
Knightley), apresenta um desempenho sóbrio e seguro mostrando toda a sua
revolta na forma como o primeiro-ministro do seu país está empenhado em enganar
o público britânico, brilhantemente secundada pelo seu advogado Bem Emmerson
(Ralph Fiennes) que domina, no melhor sentido, a segunda parte do filme durante
a preparação da defesa no julgamento para o crime de traição de que é acusada, interpretando
a força da justiça que deveria ser norma.
Estamos em presença de um
excelente thriller político e de investigação
jornalística, que decorre na Londres atual, oferecendo-nos todo o ambiente
sombrio daquela cidade, tradicionalmente povoada por nuvens negras e dias sem
sol, bem de acordo com a trama que se está a preparar, constituindo uma lição
de história atual, recente, com 112 minutos, que o leitor não vai sentir
passar.
Todavia, já sabemos o
resultado, o Iraque foi invadido e com ou sem consentimento das UN uma guerra
sangrenta foi travada donde resultaram centenas de milhares de mortos, Saddan também
morreu e o mundo passou a ser o lugar mais instável e incerto que todos
conhecemos. Os esforços de Katharine Gun foram em vão e tal como com ela,
outros heróis também continuarão anónimos para as próximas guerras que se
avizinham, resta-nos o pobre consolo de ficarmos a saber a verdade dos factos
ainda dentro do nosso tempo de vida e não através de um relato histórico
engajado ao poder da altura.
Classificação: 8 numa escala
de 10
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