6 de maio de 2019

Opinião – “O Intruso” de Deon Taylor


Sinopse

Quando um jovem casal (Michael Ealy e Meagan Good) compra a casa dos seus sonhos em Napa Valley, pensa que encontrou o lar perfeito para dar os próximos passos em família. Mas quando o ex-proprietário (Dennis Quaid) permanece estranhamente ligado à casa e continua a infiltrar-se nas suas vidas, eles começam a suspeitar que ele esconde outras intenções para além de uma venda rápida.

Opinião por Artur Neves

O que temos neste filme é um thriller de suspense em crescendo, bem apanhado, onde o ex-proprietário Charlie Peck (Dennis Quaid) que vendeu a casa ao casal, não quer, nem pretende deixar a propriedade de que tomou posse, através de uma manobra que mais tarde viremos a conhecer.
Dennis Quaid tem um bom desempenho neste papel de louco obcecado, sem reservas de comportamento, que embora exprimindo uma loucura desequilibrada, consegue com uma simpatia fictícia manter-se próximo da propriedade que já não lhe pertence, embora ele não a queira largar. As expressões faciais de Charlie nas diferentes situações, alternando entre largos sorrisos e uma contrariedade mal contida, são a chave deste suspense em que se espera uma explosão a cada momento que ele aparece em cena, seja por que motivo for, sempre dissimulado de entreajuda e colaboração.
O primeiro contacto entre os comparadores e o vendedor não é o mais auspicioso, pois Scott e Annie (Michael Ealy e Meagan Good, respetivamente) encontram Charlie em plena atividade de caça no terreno circundante da casa. Considerando que sendo eles citadinos, modernos e cultos, a atividade da caça é algo que lhes é estranho e de certo modo incompreensível para a sua vivência noutra dimensão diferente do mundo selvagem. Eles é que escolheram a casa, mas o seu modo de vida é diferente, do que ela e o seu meio envolvente lhes pode oferecer.
Como bom thriller que se preza, temos em Annie a pessoa bem-intencionada, compreensiva, aberta aos novos relacionamentos de vizinhança com o antigo dono da propriedade, sem suspeitar de que as suas intenções não sejam as melhores e as mais apreciáveis, indiferente ao mais elementar cuidado de reserva sobre a sua própria segurança. Esta postura não será muito verosímil na vida real, mas que sem dúvida contém o cerne do suspense e provoca sobressaltos no espectador, que foi ao cinema, mesmo para os sentir.
O verso desta moeda é “O Intruso” na pele de Dennis Quaid que tem um desempenho completamente surpreendente pelo desequilíbrio que aparenta em todas as situações em que entra. O seu personagem contém elementos de um Joker tão louco como o criado pelo malogrado Heath Ledger em “O Cavaleiro das Trevas” ou Jack Nicholson em “The Shining” exibindo expressões assustadoramente convincentes e ferozes, com sorrisos maníacos, olhos esbugalhados e trejeitos faciais numa cara de plasticina que quando filmados em close-up, projetam imagens de verdadeira e assustadora loucura.
Assim sendo, temos neste filme um thriller doméstico com pontos fortes ao nível da interpretação e do argumento, realizado por quem sabe o que pretende e eficaz no aspeto do suspense transmitido ao espectador.

Classificação: 6 numa escala de 10

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