20 de dezembro de 2018

Opinião – “O Cavalheiro com Arma” de David Lowery


Sinopse

O CAVALHEIRO COM ARMA é inspirado na história verídica de Forrest Tucker (Vencedor do ÓSCAR® Robert Redford). Considerado o ladrão mais simpático de sempre, Forrest escapou audaciosamente da prisão de San Quentin aos 70 anos de idade, e empreendeu depois uma série de assaltos sem precedentes que baralharam as autoridades e encantaram o público. Envolvidos na perseguição estão o detetive John Hunt (Vencedor do ÓSCAR® Casey Affleck), que fica fascinado com o empenho de Forrest no seu ofício, e uma mulher que o ama apesar da profissão que ele escolheu (Vencedora do ÓSCAR® Sissy Spacek).
O filme conta ainda com as interpretações de Danny Glover e Tom Waits.

Opinião por Artur Neves

A história subjacente a este filme, para além de corresponder a uma biografia de um assaltante de bancos gentil e cortês, veicula a máxima de conduta de vida que nos diz: Vive a vida fazendo tudo o que te faz feliz. É esta a grande justificação para o comportamento marginal de um cavalheiro que se divertia e se sentia verdadeiramente feliz a assaltar bancos de uma forma original, não violenta e reconhecido sucesso, considerando que se estima ter roubado a quantia global de quatro milhões de dólares, nos múltiplos assaltos realizados em que sempre obtinha relativamente pequenas quantias de cada vez.
Robert Redford está extraordinariamente bem no papel de Forrest Tucker não só pela semelhança de idade com o seu alter ego, mas também porque a figura, simpática e prazenteira de Redford convence-nos que só com aquela atitude é que um marginal daquela estirpe poderia ter sucesso. Conhecemos Redford com excelentes interpretações ao longo da sua carreira, mas não vislumbro outro ator que pudesse representar com tanta naturalidade e ser tão persuasivo num personagem com uma vida tão atribulada como a de Tucker.
Para compensar, o detetive que o descobre é um persistente e inquisitório policia que porfia a obtenção de provas, numa época em que a intuição e a dedução relacional dos indícios constituía a prática forense, pois outros recursos mais sofisticados ainda não existiam.
O par romântico que constitui com Sissy Spacek (a grande estrela de “Carrie” de 1976) aqui uma viúva por quem se apaixona, numa plácida relação sem conflitos nem sobressaltos figura também como um exemplar modelo da vivência do amor quando o fogo da paixão se extingue e subsiste um companheirismo e delicadeza suave como um pôr-do-sol no Outono. Ela aceita-o sem realmente o conhecer e ele despede-se mansamente para ir realizar mais um assalto que na realidade são quatro no mesmo dia. Nem a melhor ficção concebia uma “realidade” destas.
Nem sempre atua sozinho e os seus colegas de golpe pertencem à mesma faixa etária e são tão discretos quanto ele delegando-lhe a liderança e o planeamento da ação. O seu inter-relacionamento é igualmente cortês e pacato como em todo o desenrolar desta história que nos convida à contemplação, num fim de tarde depois do trabalho.

Classificação: 6 numa escala de 10

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