22 de setembro de 2018

Opinião – “Agora Estamos Sozinhos” de Reed Morano


Sinopse

Del (Peter Dinklage) está sozinho no mundo. Depois da raça humana ter sido destruída, ele vive numa pequena e vazia cidade, satisfeito, na sua solidão, e com a utopia que metodicamente criou para si mesmo.
Assim é até que Del é descoberto por Grace (Elle Fanning), uma estranha com motivos e um passado obscuro. E o pior de tudo é que ela não se quer ir embora.

Opinião por Artur Neves

Num futuro pós-apocalíptico um homem, Del (Peter Dinklage da Guerra dos Tronos) sobrevive a uma epidemia que mata os seres humanos mas deixa intactas a cidade e todas a utilidades urbanas embora sem energia eléctrica. Não sabemos e também nunca nos é explicado de que epidemia se tratou, porque o que interessa é seguir a vida solitária de um homem que agora se sente útil e ativo na sua função de bibliotecário, continuando a sua tarefa de guardar, catalogar e arrumar os livros que estavam à sua guarda.
Tal como ele a certa altura declara; sentia-se só e descriminado no meio dos 1600 habitantes da cidade, quando eles estavam vivos, por ele ser o único anão. Agora tudo mudou e ele é o único habitante produtivo, não interessando a sua estatura física e tendo estabelecido rotinas de manutenção e boas práticas de vida na cidade deserta.
As coisas mudam contra sua vontade quando encontra Grace (Elle Faning) que ele socorre quando a encontra ferida, na sequência da fuga a uma realidade pretensamente perfeita, noutra cidade, porque afinal nem todos os humanos foram dizimados.
Só que cada pessoa interpreta uma mesma realidade à sua maneira e de acordo com as suas premissas e experiencias pessoas pondo em causa o que para outros significa ordem e organização, sendo nesta problemática que o filme desenvolve esta história de vida impar e surreal. A solidão nem sempre é uma ideia negativa e uma companhia só é interessante e útil quando ambos afinam pelas mesmas ideias, ou quando as ideias do outro vêm complementar os nossos objectivos e dar resposta a dúvidas recalcadas no nosso espírito.
Reed Morano, realizadora americana, nascida no Nebraska em 1977 que apresenta um drama em 2015 “Meadowland” não estreado por cá, bem como várias séries para TV das quais se destaca: “A História de uma Serva” em 2017, com boas referências internacionais, apresenta-nos agora esta história escrita por Mike Makowsky, argumentista premiado no Tribeca Film Festival com “Take Me” (2017), um thriller de comédia.
No caso presente temos um projecto arrojado que combina, sentimentos pessoais, solidão e ficção científica, num equívoco que servia de compensação para uma frustração. O desenvolvimento do filme é escorreito e a entrada de outros personagens esclarecidos quanto à situação em que o mundo se encontra só vem dar significado à constatação que “mais vale só que mal acompanhado”, que no fundo é outra maneira mais abrangente de ler o nome do filme. Vê-se sem cansaço, muito embora por vezes nos perguntemos como aquilo acabará. Termina, deixando algumas perguntas sem resposta.

Classificação: 6 numa escala de 10

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