Sinopse
Zoe (Léa Seydoux) e Cole (Ewan McGregor) são colegas e
amantes secretos nos Relationist Labs,
um avançado laboratório de investigação focado no design de poderosas tecnologias capazes de melhorar e aperfeiçoar
as relações românticas humanas.
Contudo, a sua relação é ameaçada quando Zoe descobre
uma dura verdade sobre o seu relacionamento, levando-a a uma conturbada espiral
de confusão, traição e à mais intensa das emoções humanas: o amor.
ZOE é um assombroso conto de amor proibido trazido
pelo aclamado realizador Drake Doremus e produzido por Ridley Scott, a força
por detrás de lendários épicos de ficção-científica de Hollywood como; “Perdido
em Marte”, “Prometheus”, “Alien” e “Blade Runner”.
Opinião
por Artur Neves
A história que nos é contada
vive-se num futuro relativamente longínquo, considerando que o estágio atual da
“AI” (Inteligência Artificial) não é compatível com a sofisticada evolução
mostrada no filme, pelo que para lá chegar ainda há muito caminho para
percorrer, não só ao nível das redes neuronais incluídas nos robots, como nos complexos
algoritmos que os fazem funcionar num nível muito próximo do que conhecemos
como humano.
Todavia, o filme torna-se
interessante pelas questões que aborda, que serão reais no tal futuro não muito
breve, bem como, nas perguntas reais que formula e nas dicotomias que ensaia
para nos sensibilizar para questões, que embora não estando no intervalo da nossa
expetativa de vida merecem uma reflexão.
Drake Doremus, realizador e
escritor de histórias de ficção científica já nos apresentou boas propostas
nesta área, como em “Iguais” (2015) onde enferma de defeitos semelhantes que
aponto neste filme, por se apresentar demasiado sentimentalista com os
personagens, devido provavelmente a ele próprio ser escravo de conceitos
sentimentais elevados, seres perfeitos, que perseguem a perfeição, dissecando a
espiritualidade dos sentimentos em meio tecnológico, mas em que os seus intervenientes
pouco têm realmente a dizer por se entregarem ao desfrute constrangido desses mesmos
sentimentos.
Zoe (Lea Seydoux) está
fantástica no seu personagem e nas reticências e pruridos que levanta na
relação com Cole (Ewan McGregor), mas em boa verdade não responde, nem
dá qualquer indício ou direção de resposta a: Afinal qual é o problema?... ou
até se; existe realmente algum problema?...
Não, nada disso, as tendências definem-se, ambos
sofrem enquanto vivem um turbilhão de sentimentos sempre que se olham
longamente, como que flutuando numa nuvem romântica de paixão que eles próprios
questionam, querendo-se sem querer e ficando surpreendidos com o resultado, ficando
tanta coisa por desenvolver… e postular!...
Outros aspetos importantes
contados no filme são as clínicas e as técnicas de avaliação de pares com
potencial sucesso de estabelecerem uma relação amorosa duradoura, e a pílula
que induz uma euforia romântica em casais desavindos, vendida e recomendada no Relationist Labs, como uma panaceia temporária para
desfrutar de sensações de primeiro amor. A frase publicitária do produto recomenda:
“Tome Benysol e apaixone-se pela primeira vez… Novamente”, parece estranho, eu
sei, mas quem não gostaria de recordar a euforia do primeiro amor?... e só por
isso vende satisfatoriamente.
Por tudo isto esta história
contém em si elementos de reflexão interessantes, só é pena, que ainda no campo
das hipóteses não formule uma opinião e se perca em estafados "rodriguinhos" amorosos, contudo, vale a pena ver.
Classificação: 6 numa escala
de 10
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