28 de agosto de 2018

Opinião – “ZOE” de Drake Doremus


Sinopse

Zoe (Léa Seydoux) e Cole (Ewan McGregor) são colegas e amantes secretos nos Relationist Labs, um avançado laboratório de investigação focado no design de poderosas tecnologias capazes de melhorar e aperfeiçoar as relações românticas humanas.
Contudo, a sua relação é ameaçada quando Zoe descobre uma dura verdade sobre o seu relacionamento, levando-a a uma conturbada espiral de confusão, traição e à mais intensa das emoções humanas: o amor.
ZOE é um assombroso conto de amor proibido trazido pelo aclamado realizador Drake Doremus e produzido por Ridley Scott, a força por detrás de lendários épicos de ficção-científica de Hollywood como; “Perdido em Marte”, “Prometheus”, “Alien” e “Blade Runner”.

Opinião por Artur Neves

A história que nos é contada vive-se num futuro relativamente longínquo, considerando que o estágio atual da “AI” (Inteligência Artificial) não é compatível com a sofisticada evolução mostrada no filme, pelo que para lá chegar ainda há muito caminho para percorrer, não só ao nível das redes neuronais incluídas nos robots, como nos complexos algoritmos que os fazem funcionar num nível muito próximo do que conhecemos como humano.
Todavia, o filme torna-se interessante pelas questões que aborda, que serão reais no tal futuro não muito breve, bem como, nas perguntas reais que formula e nas dicotomias que ensaia para nos sensibilizar para questões, que embora não estando no intervalo da nossa expetativa de vida merecem uma reflexão.
Drake Doremus, realizador e escritor de histórias de ficção científica já nos apresentou boas propostas nesta área, como em “Iguais” (2015) onde enferma de defeitos semelhantes que aponto neste filme, por se apresentar demasiado sentimentalista com os personagens, devido provavelmente a ele próprio ser escravo de conceitos sentimentais elevados, seres perfeitos, que perseguem a perfeição, dissecando a espiritualidade dos sentimentos em meio tecnológico, mas em que os seus intervenientes pouco têm realmente a dizer por se entregarem ao desfrute constrangido desses mesmos sentimentos.
Zoe (Lea Seydoux) está fantástica no seu personagem e nas reticências e pruridos que levanta na relação com Cole (Ewan McGregor), mas em boa verdade não responde, nem dá qualquer indício ou direção de resposta a: Afinal qual é o problema?... ou até se; existe realmente algum problema?...
Não, nada disso, as tendências definem-se, ambos sofrem enquanto vivem um turbilhão de sentimentos sempre que se olham longamente, como que flutuando numa nuvem romântica de paixão que eles próprios questionam, querendo-se sem querer e ficando surpreendidos com o resultado, ficando tanta coisa por desenvolver… e postular!...
Outros aspetos importantes contados no filme são as clínicas e as técnicas de avaliação de pares com potencial sucesso de estabelecerem uma relação amorosa duradoura, e a pílula que induz uma euforia romântica em casais desavindos, vendida e recomendada no Relationist Labs, como uma panaceia temporária para desfrutar de sensações de primeiro amor. A frase publicitária do produto recomenda: “Tome Benysol e apaixone-se pela primeira vez… Novamente”, parece estranho, eu sei, mas quem não gostaria de recordar a euforia do primeiro amor?... e só por isso vende satisfatoriamente.
Por tudo isto esta história contém em si elementos de reflexão interessantes, só é pena, que ainda no campo das hipóteses não formule uma opinião e se perca em estafados "rodriguinhos" amorosos, contudo, vale a pena ver.

Classificação: 6 numa escala de 10

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